24° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Endocardite Infecciosa por Klebisiella pneumoniae complicada com Endoftalmite e Abscesso Hepático: Um relato de caso

Resumo estruturado

Introdução: A endocardite infecciosa (EI) surge quando há lesão do endocárdio, seguidas de aderência local de plaquetas e fibrina, posteriormente infectadas, produzindo vegetações. As bactérias tipicamente encontradas em pacientes com endocardite são S. aureus, S. viridans, Enterococos, e apresentam fonte bacteriana presumível, além de critérios de Duke para diagnóstico. Este trabalho aborda um caso de endocardite por Klebisiella pneumoniae. Relato de Caso: JOPN, sexo masculino, 53 anos, internado por febre alta há 2 semanas. Inicialmente apresentou dor lombar, de moderada intensidade, e 2 dias após, febre de 39ºC, dor muscular generalizada, calafrios, sudorese, além de dor em HD e "sufocamento" torácico. Negava DPN ou edema em MMII. Foi iniciado Unasyn por suspeita de colangite, mas, após dois dias de tratamento, apresentou edema, hiperemia, lacrimejamento e redução da acuidade visual esquerda (endoftalmite confirmada). Ao exame físico apresentava icterícia +1/4, hipocorado +2/4, ausculta cardíaca com sopro sistólico +3/6 em foco tricúspide. Fígado palpável a 4cm do RCD. Traube maciço. US abdominal demonstrando hepatoesplenomegalia. Hemocultura positiva em 2 amostras para Klebisiella pneumoniae. Realizou ECOTE, que visualizou válvula aórtica espessada, tricúspide, principalmente nas extremidades, com leve refluxo valvular e mobilidade anormal (com vegetações desta válvula). Duas semanas após realizou novo US abdominal, que demonstrou 2 coleções sugestivas de abscesso hepático, confirmados em TC de abdome. Apresentou melhora e regressão de lesões hepáticas apenas com antibioticoterapia, além de vitrectomia de olho esquerdo, com novas hemoculturas negativas após 14 dias de tratamento e novo ECOTT com questionável vegetação. Conclusão: O paciente apresentou aparecimento de sopro ou mudança de sopro pré-existente + ecocardiograma com evidências de endocardite: 2 maiores + febre + fenômenos vasculares (endoftalmite) + hemocultura positiva: 3 menores, o que configura o diagnóstico de Endocardite infecciosa pelos critérios de Duke. No entanto, por germe atípico e sem evidência presumível de fonte bacteriana, geralmente por pequenos traumas na mucosa orofaríngea, gastrointestinal ou genitourinária. A endocardite infecciosa aguda é uma emergência infecciosa, e o tratamento cirúrgico, quando necessário, reduz a mortalidade de pacientes que evoluem com ICC refratária, acometimento perivalvar com abscessos, levando inclusive a bloqueios atrioventriculares, apesar de terapêutica antibiótica adequada em doses elevadas. A importância deste caso está em se discutir a relação de causa-consequência entre abscesso hepático e EI, mesmo com germe incomum e de ampliar a importância da tríade de Osler na suspeição de endocardite infecciosa e posterior manejo clínico/cirúrgico desta enfermidade potencialmente letal, visto que não suspeitar de EI, mesmo com antibiótico adequado, não amplia o tratamento cirúrgico e pode levar ao óbito.

Palavras-chave (de 3 a 5)

Endocardite infecciosa, Endoftalmite, Klebisiella Pneumoniae, Abscesso hepático.

Área

Clínico

Autores

BRUNA CUSTODIO RODRIGUES, RAQUEL LIMA SAMPAIO, OTHO LEAL NOGUEIRA, MARIANA DE OLIVEIRA GOMES SANTANA, MARIA RAFAELLE LOURENÇO FONTENELE