18° Congresso da Sociedade Brasileira de Coluna

Dados do Trabalho


Título

ESCOLIOSE CONGÊNITA E RESTRIÇÃO PULMONAR: UM RELATO DE CASO

Introdução

O grau de escoliose tem relação com a capacidade pulmonar e distúrbios de restrição e ventilação. A complacência pulmonar sofre influência da postura corporal, como resultado dos efeitos da gravidade sobre a mecânica respiratória1. A gravidade da escoliose é, geralmente, avaliada pelo ângulo de Cobb. Contudo, a gravidade da assimetria da função pulmonar decorrente da redução da complacência torácica, da exclusão pulmonar e da rotação intratorácica, leva a um crescimento assimétrico dos pulmões e alteração da relação ventilação/perfusão2. Existe uma correlação entre a intensidade da deformidade escoliótica e alterações na função pulmonar; quanto maior a curva, pior a função pulmonar3. O relato em questão não apresenta conflitos de interesse.

Relato de caso

Paciente, 46 anos, feminino, apresenta escoliose congênita, não tabagista, sem tratamento anterior da patologia de base, com acentuado desvio escoliótico em “sigma” da coluna dorso lombar, de convexidade dorsal à direita e convexidade lombar à esquerda, apresenta quadro de distúrbio pulmonar restritivo severo, hipertensão pulmonar moderada (PSAP- 58mmHg), dilatação leve de câmaras cardíacas direitas, acotovelamento de terço distal da aorta descendente e ectasia de tronco pulmonar. Realiza uso de oxigênio domiciliar em cateter nasal em 3l/min, em uso contínuo, além de apresentar pneumonias de repetição, dispneia aos mínimos esforços, com uso de medicações para hipertensão pulmonar e sintomáticos sob demanda. Na avaliação dos exames de imagem, percebe-se também um achado de fraturas compressivas com “acunhamento” anterior de corpos vertebrais de D7, D8, D9 e D10, além de alterações degenerativas nos níveis de D7-D8, D8-D9 e D9-D10. Em avaliação por exame físico, apresenta queixa de dorsalgia constante, dispneia aos mínimos esforços, ausculta pulmonar com murmúrio vesicular reduzido amplamente, sibilos espaços difusamente. Saturação de O2 95% em cateter nasal em 3l/min e após retirada de O2 suplementar, 87% em repouso.

Conclusão

A gravidade da escoliose interfere no espaço e complacência da capacidade pulmonar e aliado a alterações cardiovasculares como aumento da hipertensão pulmonar e doença pulmonar restritiva, impacta, substancialmente, na qualidade de vida dos indivíduos acometidos. Em casos onde a cirurgia corretiva pode ser ofertada no tempo oportuno, junto a melhora dos ângulos da coluna dorsal, pode proporcionar uma melhor expansão pulmonar, evitando tanto doenças intersticiais de repetição (como pneumonias) como a redução da capacidade física. 1. FERREIRA, F. [et al]; Função Pulmonar em paciente com escoliose. ConScientiae Saúde. 2009;8 (1);123-127. 2 - TREVISAN, M. E.; [et al]; Relação entre o grau de escoliose e a função pulmonar em indivíduos com escoliose idiopática. Fisioterapia Brasil – Volume 9 – Número 3 – mai/jun de 2008. 3 - TAKAHASHI, S. S. N. [et al]. Factoris of thoracic cage deformity that affect pulmonar function in adolescente idiopathic thoracic scoliosis. Spine (Phila Pa 1976). 2007; 32: 106-12

Arquivos

Área

Deformidade no adulto

Autores

GILMAR SILVA REBOUÇAS, BETH AGUIDA SILVA PIRES, ALEXANDRE SOUZA COSTA