Dados do Trabalho

Título

Fístula traqueoesofágica após cirurgia de artrodese cervical: um relato de caso

Introdução

A artrodese cervical (AC) é um procedimento cirúrgico bem estabelecido para a correção de fraturas nos segmentos cervicais da coluna vertebral. Embora raras, a perfuração esofágica ou faríngea secundárias ao procedimento são complicações potencialmente fatais que podem evoluir com mediastinite e sepse, necessitando devida abordagem cirúrgica para sua correção. Nesse trabalho, nós relatamos um caso de um indivíduo que apresentou uma fístula traqueoesofágica (FTE) secundária à AC, identificada 10 anos após sua realização.

Relato de caso

Paciente masculino, 37 anos, admitido com queixa de disfagia orofaríngea, tosse, episódios de febre e perda de peso há cerca de um ano. Histórico de lesão iatrogênica de esôfago proximal por ocasião de AC em 2002. Desde então, apresenta disfagia progressiva nos últimos meses. Nega comorbidades e uso de medicamentos contínuos. Exame físico sem achados relevantes. Videoendoscopia revela grande resistência no esfíncter esofagiano superior, sugerindo provável estenose. Raio-x contrastado de esôfago demonstra desvio de contraste para a traqueia, evidenciando a presença de FTE. O paciente foi encaminhado em caráter de urgência à cirurgia geral para avaliação.

Conclusão

Com este caso, podemos concluir que uma FTE pode ser considerada um raro porém possível diagnóstico diferencial em pacientes com sintomas orofaríngeos que passaram por abordagem cirúrgica anterior de vértebra cervical, quando causas mais comuns forem descartadas. A correção cirúrgica de FTE é eficaz, mas trata-se de um procedimento complexo e de alta morbimortalidade, que não deve ser negligenciada. As taxas de mortalidade podem variar de 0.5% a 10.5%, sendo ainda mais elevada em complicações infecciosas.

Arquivos