18° Congresso da Sociedade Brasileira de Coluna

Dados do Trabalho


Título

Avaliação retrospectiva das complicações relacionadas ao uso prolongado da tração halo-gravitacional em cirurgias de deformidade da coluna vertebral

Objetivo

Avaliar as complicações relacionadas ao uso prolongado pré e inter-operatório da tração halo-craniana como método adjuvante no tratamento de deformidades graves da coluna vertebral.

Metodologia

Foram avaliados 27 pacientes submetidos a tratamento cirúrgico com uso de tração halo-gravitacional pré ou inter-operatória, entre maio de 2014 e agosto de 2020, através de consulta em banco de dados. Os critérios de inclusão foram a presença de deformidade grave (>100graus) no plano coronal e/ou sagital e permanência com tração halo-gravitacional pelo período mínimo de 7 dias. Foi realizada uma divisão em 2 subgrupos: pacientes com deformidade grave no plano sagital acompanhada de deformidade coronal (11); pacientes com deformidade grave apenas no plano coronal (16). Os dados clínicos foram analisados de maneira retrospectiva através de consulta em prontuários, incorporando as variáveis: idade, sexo, diagnóstico, tempo de tração e ângulo de Cobb. A avaliação radiográfica foi retrospectiva por visualização em programa específico.

Resultados

Dentre os 27 pacientes, 13 (48%) eram do sexo masculino e 14 (52%) do sexo feminino. A idade no momento da cirurgia variou entre 6-47 anos, com média de 19,6 anos. O diagnóstico inicial foi de escoliose idiopática em 14 pacientes, escoliose sindrômica em 5, escoliose neuromuscular em 3, escoliose congênita em 3 e 2 casos de neurofibromatose. No subgrupo de pacientes com deformidade grave apenas no plano coronal, o ângulo de Cobb médio foi de 123,4 graus (100-153). O subgrupo de pacientes com deformidade combinada apresentou valor médio do ângulo de Cobb referente à deformidade coronal de 123,6 graus (71-159), e no plano sagital valor médio de 125,3 graus (100-178). Em 26 casos foram utilizados 4 pinos para fixação craniana, e em apenas 1 caso 6 pinos. A permanência dos pacientes sob tração foi em média 27 dias (7-108). A correção percentual média foi de 17,8% no plano coronal e 18,4% no plano sagital no subgrupo com deformidade em ambos os planos, e de 23,6% no subgrupo com deformidade coronal. A taxa geral de complicações foi de 37%. A incidência de complicações no subgrupo com deformidade grave sagital foi de 54,5%, enquanto no subgrupo com deformidade coronal grave foi de 12,5%. Ocorreram 5 complicações relativas aos pinos, sendo 4 solturas/afrouxamentos tratados com reaperto, e 1 caso de infecção local. Três pacientes desenvolveram quadros neurológicos de menor gravidade atribuídos ao uso da tração – dois casos de parestesia difusa em membros e um paciente com turvação visual, com resolução após diminuição da carga. Dois pacientes apresentaram queixa de dor cervical em que a tração precisou ser descontinuada provisoriamente, com melhora completa. Nenhuma complicação grave relacionada aos pinos e à tração foi identificada.

Conclusões

A tração halo-gravitacional mostrou ser um importante método adjuvante no tratamento de deformidades graves da coluna vertebral. Apesar de ter apresentado taxa de complicações considerável, não ocorreram eventos graves.

Arquivos

Área

Deformidade na criança

Autores

ALDERICO GIRÃO CAMPOS BARROS, IGOR EBERT CECHIN, LUIS EDUARDO CARELLI TEIXEIRA SILVA