18° Congresso da Sociedade Brasileira de Coluna

Dados do Trabalho


Título

Osteofitose cervical como causa de disfagia: Um relato de caso

Introdução

Osteofitose cervical anterior é uma condição não inflamatória caracterizada pela ossificação dos ligamentos paravertebrais anterolaterais da coluna cervical e que afeta cerca de 10 a 30% da população em geral. Os osteófitos podem ser isolados ou difusos e podem ocorrer em razão de alterações degenerativas do disco, hiperostose esquelética idiopática difusa (DISH), espondilose cervical, após um trauma ou após cirurgia da coluna. Os principais fatores de risco dessa patologia são a idade avançada, acometendo de 20 a 30% da população acima de 60 anos, carregamento mecânico excessivo, fatores genéticos, atividade física mal orientada, obesidade e indivíduos do sexo masculino. Usualmente, a osteofitose cervical anterior é assintomática e não precisa de nenhuma abordagem específica. Geralmente os sintomas se desenvolvem em decorrência de algum evento gatilho, como asfixia, aspiração ou trauma cervical menor, sendo os sintomas mais comuns dor local, disfagia para comidas sólidas, disfonia, dispnéia e redução da extensão do movimento cervical. O diagnóstico é geralmente confirmado por estudo radiológico. Em relação ao tratamento para casos sintomáticos, pode ser conservador, com medicamentos e fonoterapia, e cirurgia, que é altamente efetiva e muito benéfica no caso de falha do tratamento conservador.

Relato de caso

Homem, 56 anos, sem comorbidades, relatou disfagia para sólidos associada a regurgitação eventual, sem dor cervical. Foi diagnosticada disfonia espasmódica e iniciou-se tratamento com toxina botulínica. Realizado videodeglutograma para investigação com evidência de efeito compressivo do lado direito do terço proximal do esôfago, constatou-se osteofitose cervical anterior inferior na altura de C6 e C7, com esôfago apresentando trânsito livre. A tomografia de tórax apresentou compressão da parede posterior do esôfago ao nível do espaço cervical C6-C7, devido aos osteófitos nos respectivos corpos vertebrais, e espondilopatia cervicotorácica degenerativa. Evidenciou-se que a disfonia espasmódica não estava relacionada com a disfagia, nem com a osteofitose. O paciente foi encaminhado ao ortopedista para avaliação do quadro compressivo de coluna cervical em esôfago. Foi submetido à ressecção do osteófito C6-C7 por via cervical anterior, evoluindo com melhora da disfagia para sólidos.

Conclusão

A descrição de mais um paciente com osteofitose cervical anterior deverá contribuir para um melhor conhecimento sobre o diagnóstico diferencial da etiologia da disfagia. A descoberta da condição e o tratamento precoce são fundamentais para um bom prognóstico da doença, assim como a cirurgia se revela plenamente eficaz.

Arquivos

Área

Degenerativa cervical

Instituições

UFPB - Paraíba - Brasil

Autores

Caio Melo Coutinho, Júlia Richard Gondim Bezerra Cavalcanti, Sofia Ramos Soares, Gabriel Souza Dantas Mendes Leite, Jim Umberto Cantisani Neto, Thiago Gomes Martins, Giácomo de Freitas Souza