Dados do Trabalho

Título

MANEJO DAS LESÕES DA DURA MÁTER NA CIRURGIA ENDOSCÓPICA DA COLUNA : APRESENTAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE TRATAMENTO

Objetivo

A lesão dural incidental é uma complicação frequente da cirurgia vertebral. O objetivo deste estudo é de revisar a literatura recente sobre a incidência de lesão dural em cirurgia endoscópica e comparar com os nossos casos desde 2018, e apresentar um protocolo para manejo dessas lesões.

Metodologia

Para o desenvolvimento do presente estudo uma pesquisa sistemática da literatura foi realizada utilizando a database PubMed. No total, 14 estudos, incluindo uma revisão literária, reportaram o tratamento para lesão dural em cirurgia endoscópica. Além disso, revisamos nossos casos operados pela técnica full-endoscopic desde 2018, comparando a incidência de lesões durais e seu manejo com a literatura. A conduta intraoperatória por ocasião da lesão, foi de introdução de gelfoam pela cânula de trabalho e dar seguimento ao procedimento sem alteração de pressão de bomba, visto que o sistema era composto de ótica oval e cânula de trabalho redonda, o qual aumenta o outflow portanto não havendo aumento de pressão intracanal. No pós-operatório imediato foi orientado repouso em decúbito zero por 24 horas, administração de acetazolamida pelo período de internação, de dois dias em média. Não utilizamos o substituto de dura para essas lesões, pois ainda não está disponível em nosso serviço.

Resultados

Nossa casuística é composta por 181 casos de cirurgias full endoscópica, sendo 5 foraminoplastias, 6 ressecções de cistos sinoviais, 20 descompressões por estenose, e 150 cirurgias de retirada de hérnia discal. Evidenciamos, nas cinco foraminoplastias, 1 lesão(20%), nas seis ressecções de cisto sinovial, 1 lesão (16,6%), nas vinte cirurgias por estenose 2 casos(10%), e das cento e cinquenta retiradas de hérnia discal, dois casos (1.3%). Em todos os casos o tamanho da lesão variou de 1 a 10mm. No total, foram 6 casos de lesão dural, sendo que 2 pacientes (33,3%) apresentaram disestesia transitória, com melhora total dos sintomas após 1 a 2 meses. Ambos os casos ocorreram após ressecção de hérnias discais. Nos demais casos não existiam sintomas significativos. A incidência descrita na literatura de lesão dural em cirurgia endoscópica foi em média de 2,7%, variando de 0% a 8,6%., e a maior frequência ocorre nos casos de estenose lombar (3,7% a 7,9%), seguida por herniação discal (1,1 a 2,1%), que aumentam em casos de cistos sinoviais e nas hérnias calcificadas. o que está de acordo com os nossos achados.
A durotomia foi mais presente pela técnica interlaminar, embora tenha sido amplamente mais utilizada. Totalidade das lesões foram pequenas (1 a 10mm), assintomáticas ou sintomas leves com remissão total.

Conclusões

A cirurgia full endoscópica da coluna é uma alternativa promissora para o tratamento de patologias da coluna vertebral, e demonstramos em nossa casuística ainda pequena, que a lesão dural deve ser manejada com cuidado, não inviabiliza a técnica, e o nosso protocolo de conduta para essas lesões demonstra ser satisfatório, com baixo índice de complicações, com a recuperação de todos os pacientes.