Dados do Trabalho
Título
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO PÓS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO - RELATO DE CASO
Resumo estruturado
Introdução: Segundo a Organização Mundial da Saúde, infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular encefálico (AVE) são as principais causas de morte no mundo, perfazendo 15,2 milhões de mortes em 2016. Em 2017, segundo DataSUS, houve 112.406 internações por IAM e 152.376 por AVE. Fatores de risco em comum são hipertensão arterial, diabetes, tabagismo e dislipidemia. Além disso, IAM aumenta substancialmente o risco para AVE isquêmico (AVEi) cardioembólico. Discussão: Paciente feminina, 60 anos, hipertensa e dislipidêmica, buscou atendimento em hospital terciário, no dia 18/04/18, com quadro de precordialgia progressiva, em aperto, de forte intensidade, de início 24 horas antes da admissão, acompanhada de síncope. Foi realizado eletrocardiograma (ECG) que evidenciou IAM com supradesnivelamento de segmento ST (IAMST) de parede inferior, o que conduziu a paciente para realização de cineangiocoronariografia (CATE), o qual revelou lesões em descendente anterior (DA) (85% de obstrução em terço médio) e circunflexa com oclusão total, na qual foi implantado stent farmacológico. Em 26/04, a avaliação ecocardiográfica da paciente revelou diminuição da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), 52%, e acinesia apical da parede ínfero-lateral e inferosseptal. Ainda internada, em 28/04, novo ECG indicou IAMST de parede anterior, com CATE evidenciando oclusão total de DA, o que exigiu nova intervenção com colocação de stent farmacológico em DA. Em 03/05, a paciente, previamente sem alterações neurológicas, apresentou disartria, desvio do olhar conjugado para a direita (D), desvio de rima labial para a esquerda (E), hemiparesia à E, com força grau 0, hipoestesia em dimídio E e Babinski presente à E. Tomografia computadorizada de crânio realizada no mesmo dia evidenciou extensa lesão hipodensa em lobo frontal D com edema e compressão no ventrículo lateral D, condizente com AVEi. Diante disso, a equipe suspendeu a heparina e anti-hipertensivos em uso, administrou soro fisiológico a 3% diante do risco de herniação e manteve antiagregação dupla com ácido acetilsalicílico e clopidogrel. Em 11/05, avaliação ecocardiográfica no leito demonstrou diminuição importante de FEVE, 30%, acinesia apical e trombo em ápice do ventrículo esquerdo, o que levou a equipe à suspeição de possível etiologia cardioembólica para o AVEi. Em 19/05 a paciente apresentava hemiplegia em dimídio E e estrabismo divergente discreto. Conclusão: A fibrilação atrial crônica é o fator mais comumente relacionado na literatura com o AVEi cardioembólico. No entanto, fontes também destacam os defeitos de motilidade miocárdica, acinesia e hipocinesia, como fonte de trombos para o AVEi. A presença de história recente de IAM (até 30 dias) também é um fator de risco mencionado. É importante destacar que o desconhecimento do tempo do ictus do AVEi e a proximidade temporal com os IAM foram fatores importantes para a exclusão da possibilidade de terapia trombolítica na condução do AVEi da paciente.
Palavras-chave (de 3 a 5)
IAM; AVC; Cardioembolismo
Área
Clínico
Autores
Leonardo Jorge Bessa Tajra Filho, Luana Menezes Agostinho, Carolina Teles de Macedo, Luciana Menezes Agostinho, Frederico Carlos de Sousa Arnaud, Filadelfo Rodrigues Filho