24° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Síndrome de Weil na Leptospirose e o surgimento de Arritmias: uma série de casos.

Resumo estruturado

Introdução: A leptospirose é uma doença zoonótica de importância global e um grande problema de saúde pública, que é transmitida para humanos pelo contato com a urina contaminada por mamíferos, na maioria das vezes ratos. A sua forma grave manifesta-se com icterícia, insuficiência renal aguda (IRA) e hemorragia, particularmente nos pulmões e recebe a denominação de síndrome de Weil. As arritmias, sobretudo fibrilação atrial, flutter e BAV de 1º grau, são as manifestações cardíacas observadas e ditas mais importantes dessa doença, e foram descritas como fatores de risco para o óbito, ocorrendo de 5 a 10% dos casos de Weil. O objetivo do trabalho é investigar dados clínicos, demográficos e laboratoriais em pacientes com arritmias e leptospirose grave, além das principais arritmias presentes na doença. Resultados/Discussão: Apresentamos características clínicas, demográficas e laboratoriais de uma série de pacientes com leptospirose internados em um hospital terciário em Fortaleza, Ceará, Brasil, no período de janeiro de 1985 a dezembro de 2015, que apresentaram alterações renais agudas e eletrocardiográficas (ECG). Dos 488 pacientes com leptospirose, 24 (4,91%) apresentaram arritmias, 23 com fibrilação atrial aguda e um flutter atrial. A maioria eram jovens do sexo feminino (17-70,8%). Todos os pacientes com arritmias apresentavam IRA grave, 16 (66,7%) necessitaram de hemodiálise e nove pacientes (37,5%) faleceram. Foi evidenciada trombocitopenia (média: 58.56 ± 43.58) e níveis elevados de AST (115.7 ± 69.1), ALT (64.8 ± 30.0) e bilirrubinas (16.0 ±7.9). Os pacientes chegaram desidratados à admissão, devido a vômitos, diarréia, baixa ingestão de fluidos, poliúria e transpiração excessiva, conforme descrito em revisão de prontuário. Além disso, hipocalemia (3.2 ± 0.68), hipocalcemia (7.5 ± 2.4) e acidose metabólica (HCO3 (mEq/L) 18.6 ± 4.6) foram observados. Essas anormalidades eletrolíticas podem ter sido um ponto chave no surgimento de arritmias, uma vez que têm sido relacionadas a anormalidades no ECG na leptospirose, mesmo quando há disfunção no miocárdio. Embora os valores de magnésio sérico não estivessem disponíveis nos prontuários dos pacientes, acreditamos que a hipomagnesemia pode também contribuir para arritmias. Conclusão: Em resumo, a desidratação e os distúrbios hidroeletrolíticos (DHE) foram cruciais para desencadear arritmias em pacientes com leptospirose, dados já relatados na literatura e evidenciados neste estudo. Além disso, notamos uma incidência semelhante de arritmias na síndrome de Weil no nosso meio (4,91%) com as descritas em principais trabalhos sobre o tema (5 a 10%). Assim, principalmente desidratação e DHE devem ser evitados ou tratados, a fim de evitar complicações tão graves como as arritmias cardíacas (notadamente fibrilação atrial) e óbito na IRA da síndrome de Weil.

Palavras-chave (de 3 a 5)

Arritmias; Leptospirose; Síndrome de Weil; Distúrbio Hidroeletrolítico.

Área

Clínico

Autores

BRUNA CUSTODIO RODRIGUES, ELIZABETH DE FRANCESCO DAHER, DOUGLAS DE SOUSA SOARES