Dados do Trabalho
Título
DESAFIOS NO TRATAMENTO DE FEIXES ACESSÓRIOS EPICÁRDICOS
Resumo estruturado
Alguns feixes acessórios podem representar um grande desafio para o eletrofisiologista, pois sua localização pode estar bem longe do alcance endocárdico dos cateteres de radiofrequência. Nossa proposta é descrever as características clínicas e eletrofisiológicas de vias acessórias epicárdicas bem como as dificuldades no tratamento definitivo destas. Trata-se de um estudo retrospectivo analisando os estudos eletrofisiológicos de 7 pacientes (2 homens (28,6%) e 5 mulheres (71,4%)) que foram encaminhados para ablação por sintomas de palpitações taquicárdicas e/ou pré-excitação persistente. A idade média na época da ablação era de 28±4,6 anos. Em estado basal, o ECG sugeria feixes póstero-septais (direito ou esquerdo) com delta negativo na derivação DII em 6 pacientes (85,7%). O paciente restante apresentava onda delta isodifásica nesta derivação, tornando-se francamente negativa sob estimulação atrial até a máxima pré-excitação. O período refratário funcional anterógrado das vias acessórias foi de 262±21ms sendo <270ms em 4 pacientes (57,1%). O diagnóstico da localização epicárdica da via acessória era feito após o insucesso da localização de pontos endocárdicos com perfeita fusão dos eletrogramas atrial e ventricular além da impossibilidade de sucesso da ablação destes feixes com aplicações endocárdicas de radiofrequência. Nesses pacientes, os pontos de máxima fusão foram encontrados com o cateter decapolar posicionado dentro do seio coronariano. Através de bainha deflectível realizamos venografia de seio coronariano em 4 pacientes e conseguimos identificar as estruturas anatômicas relacionadas aos pontos de máxima fusão atrioventricular: Veia Cardíaca Média (x2), Veia Cardíaca Magna (x1) e divertículo de seio coronariano (x1). A aplicação de radiofrequência nestes pontos resultou em desaparecimento da pré-excitação (9,2±2,2 segundos de aplicação) em 4 pacientes tratados (80%) com melhor eficácia naqueles com referência anatômica fornecida pela venografia (RR: 6,0). As aplicações foram realizadas no colo do divertículo e no segmento proximal da veia cardíaca média. Um dos pacientes não foi submetido à ablação por apresentar uma via acessória com condução anterógrada exclusiva e período refratário longo (360ms). Outro paciente teve o procedimento encerrado após dissecção, não complicada, do seio coronariano. Uma recidiva precoce com reaparecimento da pré-excitação nas primeiras 24h ocorreu em 2 dos pacientes tratados (40%). Conclusão: Feixes acessórios epicárdicos são alvos desafiadores para a ablação endocárdica resultando em altas taxas de insucesso e recidivas precoces. A suspeita de localização epicárdica pela presença de onda delta negativa em DII ou uma história de insucesso na ablação de feixes póstero-septais ajudou na programação da intervenção com seleção prévia de ferramentas que possibilitaram uma venografia de seio coronariano. Tal estratégia pareceu exercer papel importante na eficácia do procedimento.
Palavras-chave (de 3 a 5)
feixes epicárdicos, arritmia, ablação, insucesso, recidiva
Área
Intervencionista
Autores
RONALDO VASCONCELOS TÁVORA, ARNÓBIO DIAS DA PONTE, IEDA PRATA COSTA, FRANCISCO DAS CHAGAS LIMA MELO, PAULO RENATO FERNANDES MAFALDO, ALBERT ESPÍNDOLA DE SÁ SILVEIRA