Dados do Trabalho
Título
EFEITOS DO PROPOFOL SOBRE A ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA EM PACIENTES COM ECTOPIAS DE VIA DE SAÍDA VENTRICULAR
Resumo estruturado
O objetivo deste estudo é analisar os efeitos do 2,6 diisopropilfenol (propofol) sobre arritmias deflagradas por pós-potenciais tardios. O propofol é um agente hipnótico eficaz para a indução e manutenção da anestesia. A administração deste agente parece interferir em algumas arritmias cardíacas tanto por efeitos pro-arrítmicos quanto anti-arrítmicos de forma concentração-dependente. Pode deprimir o sistema de condução cardíaco além de reverter algumas arritmias automáticas com poucos efeitos em arritmias reentrantes. Os mecanismos permanecem mal definidos, mas possivelmente envolvem canais iônicos como sódio, cálcio e potássio além de modulações no sistema nervoso autônomo. Entretanto, não encontramos na literatura estudos sobre os efeitos do propofol em arritmias desencadeadas por “pós-potenciais tardios” que representam um dos tipos mais frequentes de arritmias ventriculares. A suspeita de que a infusão de propofol possa suprimir ectopias de via de saída ventricular faz com que ele seja preterido em procedimentos que objetivam a ablação deste distúrbio. Tal prática é baseada em observações individuais e não tem respaldo em publicações científicas. Este estudo é um ensaio clínico pareado, não mascarado, não randomizado e multicêntrico, onde foram analisados dez pacientes com arritmias de trato de saída ventricular sem cardiopatia estrutural identificada e com indicação para o tratamento de ablação por sintomas e/ou número expressivo de ectopias ventriculares (>10% do total de batimentos em holter/24h) e sem resposta à terapia medicamentosa. Foram coletados dados de 17 (dezessete) variáveis eletrofisiológicas cardíacas: frequência cardíaca, duração do complexo QRS, limiar de comando atrial e ventricular, tempo de condução atrial, intervalos AH e HV, tempo de condução ventrículo-atrial, pontos de Wenckebach anterógrado e retrógrado, períodos refratários efetivos anterógrado e retrógrado do nó-atrioventricular, períodos refratários efetivos do átrio e ventrículo direitos, intervalo de acoplamento e número de extra-sístoles registradas em 5 minutos. Após isso os pacientes eram submetidos à infusão endovenosa de propofol iniciando dose de indução de 1,5mg/Kg seguida de manutenção objetivando atingir uma sedação alvo titulada pelo índice bispectral (BIS) entre 40 e 60. Uma vez sedados, eram feitas novas medidas das mesmas variáveis e, após isso, o paciente era submetido à ablação dos focos arrítmicos. Em todas as variáveis eletrofisiológicas estudadas, observamos fraca correlação entre suas variações e o uso do propofol embora tais observações tenham sido estatisticamente pouco significativas. A análise dos dados apresentados mostrou que a infusão de propofol em doses tituladas pelo índice bispectral não pareceu interferir no comportamento de arritmias ventriculares deflagradas por pós-potenciais tardios. O comportamento errático das ectopias de via de saída ventricular sugere que mais de um mecanismo podem estar envolvidos neste tipo de arritmia.
Palavras-chave (de 3 a 5)
propofol, arritmias ventriculares, pós-potenciais tardios, extra-sístoles ventriculares.
Área
Intervencionista
Autores
RONALDO VASCONCELOS TÁVORA, IEDA PRATA COSTA, ARNÓBIO DIAS DA PONTE, RICARDO MARTINS, ALBERT ESPÍNDOLA DE SÁ SILVEIRA, FRANCISCO DAS CHAGAS LIMA MELO