Dados do Trabalho
Título
Relato de caso sobre indicação de intervenção coronariana percutânea primária em paciente com delta t prolongado
Resumo estruturado
Introdução: O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma das causas líderes de mortalidade no Brasil. Os tratamentos disponíveis são uso de trombolíticos ou intervenção coronariana percutânea primária (ICPp), sendo a ICPp atualmente o tratamento de escolha para o IAM com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST). No entanto, as complicações da ICPp sobrepõem os benefícios quando o tempo de início dos sintomas é prolongado, pois o atraso na intervenção torna o procedimento mais arriscado e as complicações mais frequentes. Descrição: Paciente do sexo masculino, 67 anos, apresentou dor anginosa típica iniciada no dia 05/03 às 22h. Buscou atendimento médico na UPA na manhã seguinte após piora da dor. Na UPA, foi evidenciado IAMCSST em parede anterior extensa, sendo realizado nitrato, AAS e clopidogrel e encaminhado o paciente para o Hospital de Messejana (HM). No HM, apesar de mais de 12 horas do início dos sintomas foi realizada ICPp com evidência de lesão em DA (TCE sem lesões, DA 100% ocluída em terço médio, Cx 60%, MGCX 80%, CD 40% e DP 95%) e aposição de 2 stents com fluxo final TIMI 2. No dia 09/03, foi realizado ecocardiograma transtorácico no leito, que evidenciou leve hipertrofia septal, VE com acinesia apical e hipercinesia dos demais segmentos, função global preservada (FE 0,66 pelo método de Simpson), disfunção diastólica de VE estágio 1 e PSAP 24 mmHg. Paciente ficou sendo acompanhado na unidade coronariana e evoluiu com pneumonia nosocomial, sendo tratado e acompanhado. No dia 15/03, evoluiu com mal estar súbito e sudorese, sendo encaminhado para UTI por suspeita de arritmias ventriculares pareadas com risco de PCR, sendo prescrito Tridil e permanecendo estável e com desmame de drogas vasoativas. No dia 16/03, um novo ecocardiograma evidenciou discinesia apical em VE e cinética normal dos demais segmentos, disfunção diastólica de VE estágio 2 e disfunção sistólica discreta em VE (FE 0,48). Discussão: A indicação de ICPp é classe 1 e nível de evidência A para pacientes com diagnóstico de IAM com sintomas iniciados < 12 horas, com persistência de elevação do segmento ST ou evidência presumida de BRE recente, com a viabilidade de efetivar o procedimento com retardo < 90 minutos após o diagnóstico em centros habilitados com atendimento disponível. No entanto, a indicação para pacientes com diagnóstico de IAM com sintomas iniciados > 12 a 24 horas e evidência de isquemia miocárdica persistente (dor persistente e/ou alteração de ECG), o que condiz com o caso exposto, possui classe 1 e nível de evidência C. No caso, o paciente evoluiu com insuficiência cardíaca grave e acinesia apical sugerindo a formação de um aneurisma de VE. A principal hipótese sobre o motivo que levou a complicação do quadro foi a realização do procedimento mesmo com o delta t prolongado. Conclusão: Diante do exposto, podemos concluir que é necessário avaliar adequadamente a indicação clínica de ICPp em pacientes com delta t prolongado para decidir sobre esse procedimento.
Palavras-chave (de 3 a 5)
IAM, intervenção, complicações, tratamento
Área
Clínico
Autores
Hélio de Souza Peres Junior, Juliana Teles Medeiros, Angeline Maria Holanda Pascoal da Silva, Thiago de Paula Pessoa Franco Silva, Angelica Maria Holanda Pascoal da Silva, Frederico Carlos de Sousa Arnaud, Filadelfo Rodrigues Filho