Dados do Trabalho
Título
Derrame pericárdico como manifestação inicial do hipotireoidismo: relato de caso
Resumo estruturado
Introdução: O derrame pericárdico é uma manifestação incomum no hipotireoidismo, ocorrendo em cerca de 3-5% dos casos. O diagnóstico torna-se difícil nos casos onde o derrame pericárdico é o sintoma inicial, visto que como a instalação do derrame é insidiosa, este apenas torna-se sintomático em fases avançadas. Desse modo, a identificação dessa patologia pode passar desapercebida no atendimento das emergências cardiológicas. Relato de caso: Paciente feminino, 25 anos, admitida em um hospital de referência cardiopulmonar de Fortaleza, com história de 6 dias de dor precordial intensa, no centro do peito (retroesternal), que piora com a inspiração, irradia para dorso, associada a parestesia em membro superior esquerdo e dispneia aos grandes esforços. Além disso, refere episódios de dispneia paroxística noturna nos últimos três dias. Relata quadro gripal 5 dias antes do início dos sintomas. Nega comorbidades. No exame físico da admissão hospitalar, apresentava bulhas hipofonéticas e turgência jugular. O eletrocardiograma demonstrava baixa voltagem difusa e o ecocardiograma evidenciou derrame pericárdico importante (20mm) circundando todo o coração e sinais de restrição diastólica (variação da velocidade onda E do fluxo mitral = 30% e variação da velocidade da onda E do fluxo tricúspide = 55%, colapso do átrio direito e dilatação da veia cava inferior). Fração de Ejeção = 67%. Foi realizada drenagem pericárdica que aspirou 500ml de líquido citrino. Os exames laboratoriais para investigação diagnóstica mostraram TSH > 100; T4 livre = 0,13; anticorpo anti-tireoglobulina = 3.663 e anti-peroxidase = 7,600. A paciente teve o dreno retirado 4 dias após o procedimento e foi medicada com hormônios tireoidianos desde o diagnóstico de hipotireoidismo, resultando em melhora dos sintomas apresentados e alta hospitalar em 15 dias. Discussão: O derrame pericárdico foi a primeira manifestação do hipotireoidismo e a sua ocorrência está relacionada com a gravidade e duração da doença, apresentando uma incidência de 30 a 80% nos casos severos e de longa duração e 3 a 6% nos casos moderados. O mecanismo fisiopatológico da relação entre o hipotireoidismo e o derrame pericárdico ainda é controverso, mas estudos indicam que há uma combinação entre um aumento da permeabilidade capilar com extravasamento de glicosaminoglicanos e proteínas no saco pericárdico, principalmente de albumina, além de uma drenagem linfática inadequada e um aumento da retenção de sódio e água. Conclusão: Tendo em vista que a incidência de derrame pericárdico na vigência do hipotireoidismo não controlado é incomum, o relato retoma o tema como importante consideração de diagnóstico diferencial nos casos onde o derrame pericárdico é observado no ambiente de emergência cardiológica.
Palavras-chave (de 3 a 5)
Derrame pericárdico; Hipotireoidismo; Emergência Cardiológica
Área
Clínico
Autores
Rebeca Félix Jacob, Lucas Eliel Beserra Moura, Mirella Albuquerque Martins, Lucas de Vasconcellos Fonteles Teixeira, Carlos José Mota de Lima, Myrian Lopes Arruda Carneiro, Frederico Carlos de Sousa Arnaud, Filadelfo Rodrigues Filho