24° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Endocardite infecciosa em criança associada a artrite séptica, piomiosite e osteomielite

Resumo estruturado

Introdução: A endocardite infecciosa (EI) é uma inflamação do endocárdio resultando de uma infecção por bactérias, fungos ou vírus. Essa doença possui prevalência de 0,2 a 0,5% nas internações pediátricas e apresenta relevante mortalidade nessa faixa etária. A EI geralmente está mais associada em portadores de malformações cardíacas, entretanto deve-se atentar para a população de alto risco, que abrange, por exemplo, pacientes submetidos a procedimentos invasivos, como cateter venoso profundo. Relato do caso: Paciente M.S.R., sexo masculino, 7 anos, há 4 dias da internação abriu quadro de artrite de joelho direito e febre de 39,5°C. Ao exame físico, encontrava-se febril, com lesões cicatriciais em membros inferiores e artrite em joelho direito, ausculta cardíaca sem alterações. Apresentou proteína reativa C (PCR) de 197 e 10.200 leucócitos. Negou história recente de faringoamigdalite supurativa, lesões cutâneas eritematosas, nódulos subcutâneos ou coréia. Após uso de oxacilina por 4 dias sem melhora do quadro, optou-se por escalonar o antibiótico para vancomicina e cefepime, administrados por meio de cateter central de inserção periférica (PICC). Novos exames revelaram 15800 leucócitos, velocidade de hemosedimentação (VHS) de 45, PCR de 362,5, hemocultura com MRSA e US de joelho direito indicando piomiosite. Ao 10° dia de internação foi realizada drenagem cirúrgica, e paciente tem seu primeiro dia afebril. Ao 13° dia, paciente volta a apresentar febre de 39,4 °C, com queda de estado geral e sopro sistólico pancardíaco (++/6+) à ausculta cardíaca. Realizado ecocardiograma que evidenciou vegetação de 9 x 7 mm em folheto medial da válvula tricúspide. Foi retirado o PICC, otimizado dose de vancomicina, substituído cefepime por meropenem, e associado amicacina. Tomografia computadorizada e ressonância magnética de membro inferior direito evidenciaram osteomielite envolvendo metáfise e diáfise de tíbia direita, abordada cirurgicamente no 17º dia, quando paciente voltou a apresentar-se afebril. Mantida amicacina por 6 dias e meropenem por 16 dias. Paciente voltou a apresentar febre no 22º dia de internação, associada a rash cutâneo, com duração de 5 dias. Investigado com sorologias virais, com resultados negativos, e aumentada a diluição da Vancomicina. Permaneceu afebril a partir do 27º dia de internação. Realizado novo ecocardiograma sem alterações e hemocultura sem crescimento. Completou esquema terapêutico com 42 dias de Vancomicina. Ao exame físico da alta, ausculta cardíaca sem alteração e exame osteoarticular não evidenciou artrite. Conclusão: A EI poucas vezes é pensada como causa de febre persistente em crianças não cardiopatas. O relato ilustra a mudança no perfil bacteriano que tem ocorrido na EI, com o aumento de casos por Staphylococcus aureus, agente mais comum nos casos associados a infecção de cateter, e o aumento da prevalência de cepas desta bactéria resistentes ao uso de oxacilina.

Palavras-chave (de 3 a 5)

endocardite infecciosa, S. aureus, acesso venoso central

Área

Clínico

Autores

Ana Lívia Pinto Marinho, Antônio Davi Pinto Marinho, Nilo Alberto Carvalho Guerra, Ana Angélica Moreira de Souza, Juliana Sales Medeiros, Kenya Vitória de Aguiar Queiroz