Dados do Trabalho
Título
DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA EVOLUINDO DE FORMA ATÍPICA: RELATO DE CASO
Resumo estruturado
INTRODUÇÃO: A dissecção aguda da aorta (DAA) é caracterizada pela delaminação anterógrada e retrógrada de suas paredes produzidas pela passagem de sangue em um espaço (falsa luz) entre a adventícia e a íntima. É uma emergência médica, a qual exige conduta rápida e eficaz, sem a qual a mortalidade atinge níveis em torno de 80% nos primeiros dias(1). Deve-se suspeitar de uma possível DAA quando a clínica se apresenta com dor precordial ou tóraco-abdominal, de início súbito, com hipertensão arterial importante(4). No entanto, não é raro observar variações da apresentação dos sintomas, simulando outras doenças. O diagnóstico da DAA baseia-se na história clínica, no exame físico e exames complementares(2). O objetivo deste relato foi mostrar um caso considerado atípico, por não corresponder às características epidemiológicas apresentadas na literatura, além da sintomatologia prolongada e predomínio de queixas atípicas. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Paciente do sexo masculino, 52 anos, tabagista e hipertenso, apresentou no dia 18 de março de 2018 um quadro de déficit neurológico com disfunção cognitiva sem paresia. Foi levado ao hospital da região onde foi iniciada investigação para AVE. A tomografia (TC) de crânio e a ressonância magnética não mostraram áreas de isquemia e recebeu alta. Por investigação ambulatorial do neurologista, realizou ecocardiograma transesofágico que mostrou dissecção de aorta e refluxo aórtico moderado. A angioTC de tórax evidenciou uma Dissecção de Aorta do tipo A de Stanford estendendo-se aos troncos supraaórticos e até o nível de aorta abdominal, sendo encaminhado para o Hospital do Coração do Cariri(HCC), em Barbalha-CE. Ao ser admitido no dia 12 de abril de 2018, com estado geral bom, boa perfusão periférica e função renal. Novo ecocardiograma mostrou a dissecção, uma fração de ejeção de 65% e insuficiência aórtica importante. No dia 16 de abril de 2018 realizou cirurgia a qual teve como via de acesso a esternotomia, fez uso de Circulação Extracorpórea(CEC) pela artéria axilar - 185 minutos, sendo 115 minutos em clampeamento da aorta, o procedimento abordou a reconstrução do seio não coronariano com reparo da válva aórtica, substituição da aorta ascendente e arco, revascularização individual dos troncos supraaórticos, implante de endoprótese em aorta descendente. Paciente permaneceu internado por 23 dias, evoluindo progressivamente bem com complicações relacionadas apenas à função pulmonar. Recebeu alta no dia 10 de maio de 2018 sem déficit neurológico. CONCLUSÃO: Tal caso nos chama a atenção à sintomatologia, a qual incialmente apresentou queixas neurológicas sem atenção especial à clássica dor torácica intensa. Dessa maneira a peculiaridade encontra-se na provável associação do quadro clínico à extensão da lesão arterial, descoberta a partir da ampliação da avaliação diagnóstica. Fica claro, portanto, a necessidade de sempre suspeitar dessa entidade em situações clínicas agudas a fim de obter o diagnóstico precoce(3).
Palavras-chave (de 3 a 5)
dissecção; tratamento cirúrgico da aorta; manifestações atípicas; manifestações neurológicas
Área
Cirúrgico
Autores
MAYARA TEIXEIRA MACIEL NOGUEIRA, Nathália Tavares Silva, Sâmia Israele Braz do Nascimento, Caio Hidelbrando Vasconcelos Alencar, Raynio Markfá Rocha Silva, Bruna Ádria Carvalho Bringel, Samuel Soares Eduardo, Paulo Marcelo Barbosa Mesquita