25° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

SINDROME CORONARIANA AGUDA X CARDIOMIOPATIA DE TAKOTSUBO: UM DESAFIO DIAGNOSTICO

Resumo estruturado

Introdução: A cardiomiopatia de Takotsubo é uma disfunção transitória do ventrículo esquerdo (VE) com, na maioria das vezes, apresentação de dor torácica, alterações no eletrocardiograma (ECG) e liberação discreta dos marcadores de necrose miocárdica, como troponina, CKMB e peptídeo natriurético atrial. Prevalece em mulheres na pós-menopausa e constitui cerca de 2 a 3% dos casos em que se suspeita de Síndrome Coronariana Aguda (SCA), podendo ser desencadeada por estresse físico e/ou emocional. Em relação à fisiopatologia, a estimulação simpática exacerbada é proposta como um fator central. Diferenças regionais na sensibilidade ou na inervação adrenérgica devem explicar apresentações clínicas diferentes e alterações segmentares. Alguns estudos também sugerem que o espessamento septal é um fator importante, o que resulta em balonamento no ápice, promovendo um disparo secundário para liberação adrenérgica. O diagnóstico diferencial baseia-se no estudo hemodinâmico, em que se observa a ausência de doenças coronarianas significativas e a presença de acinesia apical, associados à hipercinesia basal do VE. No ECG, a ausência de alterações recíprocas e de anormalidade na onda Q e a relação ST V4-6/V1-3 > 1 são sugestivas da síndrome de Takotsubo.
Descrição do caso: MGES, paciente feminina, 60 anos, foi admitida na emergência do Hospital de Messejana por precordialgia súbita em aperto, com irradiação para dorso e membro superior esquerdo (MSE), associada a sudorese, palidez e síncope, após abalo emocional nas últimas 24 horas. O ECG de admissão apresentava supradesnivelamento de V1-V4 e inversão de onda T em V5 e V6. A dosagem de Troponina T ultra-sensível sérica foi 0,586 ng/ml (VR até 0,025ng/ml), e a de CK-MB MASSA, 18,57 ng/dl (VR<3,77ng/ml). Levantou-se como hipóteses diagnósticas SCA com delta T prolongado ou síndrome de Takotsubo. A paciente foi conduzida com dupla antiagregação plaquetária e estatina de alta potência antes da realização do estudo hemodinâmico por coronariografia e ventriculografia, que não detectou alterações coronárias, mas uma disfunção sistólica grave de VE, o que corresponde com o diagnóstico de Takotsubo. A paciente permaneceu internada no posto para observação e evoluiu com melhora do quadro.
Conclusão: A grande semelhança clínica entre as patologias em questão ratifica a necessidade de distinção diagnóstica rápida e eficaz para a adequada escolha da conduta terapêutica. No departamento de emergência, o tratamento baseia-se em medidas de suporte hemodinâmico. Mas apesar de a patogênese da síndrome de Takotsubo ainda não estar bem esclarecida, o conhecimento do fato de que os quadros são desencadeados por fatores diversos, tais como abalos emocionais, sugere controle de episódios de estresse e acompanhamento especializado.

Palavras-chave (de 3 a 5)

Takotsubo; Infarto; Hemodinâmica

Área

Intervencionista

Autores

EDITE CARVALHO MACHADO, EMMANUELLA PASSOS CHAVES ROCHA, ANA LUÍSA SALDANHA VENTURA MARANHÃO, TICIANA ALENCAR NORONHA, FREDERICO CARLOS DE SOUSA ARNAUD, FILADELFO RODRIGUES FILHO, ANTÔNIO FERNANDES SILVA E SOUSA NETO