25° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

MIOCARDITE COMO CONSEQUENCIA DA CHIKUNGUNYA: UM RELATO DE CASO

Resumo estruturado

Introdução A Chikungunya vem sendo cada vez mais relacionada ao acometimento cardiovascular. Tal comprometimento ocorre devido à penetração do vírus nos miócitos, culminando em miocardite e cardiomiopatia dilatada. As manifestações cardíacas incluem desde dor retroesternal e dispneia até descompensação da insuficiência cardíaca, podendo ocasionar choque e arritmias. Dentre as alterações eletrocardiográficas, destacam-se os distúrbios de repolarização. Descreveremos o caso de paciente com miocardite por Chikungunya que evoluiu com insuficiência cardíaca. Descrição do caso Paciente do sexo feminino, 62 anos, diabética, hipertensa e dislipidêmica foi admitida em quadro de edema agudo de pulmão. Queixa prévia de dispneia progressiva aos mínimos esforços, precedida por quadro exantemático febril e artralgia importante há 1 mês. ECG revelou ritmo sinusal com alterações difusas de repolarização ventricular com fenômeno de Plusminus de V4 a V6 e D1 e AVL. Realizou cateterismo esquerdo que mostrou lesão ostial de 80% na marginal e lesão de 50% no terço médio da descendente anterior. Ventriculografia esquerda mostrou hipocinesia difusa com disfunção sistólica importante e regurgitação mitral leve. Ecocardiograma transtorácico mostrou disfunção moderada do ventrículo esquerdo, com fração de ejeção (FEVE) de 38% e hipocinesia difusa apical e septal. A ressonância magnética cardíaca mostrou dilatação discreta das câmaras esquerdas (IVDFVE= 100 ml/m², IVSVFE=70 ml/m², DDFVE= 6cmm e DSFVE =4,9cm), disfunção sistólica ventricular esquerda importante com FEVE= 28%, movimento paradoxal do septo interventricular e área de fibrose mesocárdica no segmento inferosseptobasal, sugerindo miocardiopatia inflamatória com miocardite prévia.Sorologia para arboviroses mostrou IgM e IgG positivo para Chikungunya. Após estabilização clínica, foi submetida a reabilitação cardiopulmonar. O teste cardiopulmonar máximo inicial apresentou alterações discretas de repolarização ventricular, VO2 máximo de 13,7ml/kg/min com FC de 146bpm. Limiar anaeróbico de 6ml/kg/min sob FC de 101bpm. Ponto de compensação respiratória de 9,2ml/kg/min sob FC de 92bpm. Atualmente, paciente estratifica-se como NYHA I. Discussão Ainda não se sabe qual o real mecanismo de envolvimento cardíaco na Chikungunya. Acredita-se que o vírus penetra no miocárdio e gera dano direto nas fibras musculares, enquanto leva a um dano secundário por uma reação de hipersensibilidade e necrose, aumentando o processo inflamatório e de transição. Essas alterações favorecem a passagem de miocardite para miocardiopatia dilatada, como foi relatado no caso acima. O quadro clínico é bastante variado, incluindo dor precordial, tontura, desmaio, sudorese, entre outros. Conclusão Portanto, concluímos que há necessidade de alto índice de suspeita clínica de arboviroses em pacientes com queixas cardiovasculares inespecíficas em áreas endêmicas.

Palavras-chave (de 3 a 5)

miocardite, reabilitação cardíaca, vírus Chikungunya

Área

Clínico

Autores

Beatriz Viana Souto Da Silva, Érica Uchoa Holanda, Vitória Jannyne Guimarães De Sousa Araújo, Carlos José Mota De Lima, Ana Carolina Brito De Alcantara, Gabriel Vitor Lopes Da Silva, Victoria Bianca Viana Holanda, Rafael Nogueira De Macedo