25° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

INSUFICIENCIA CARDIACA DESCOMPENSADA E ELEVAÇAO DE PROTEINA C REATIVA:

Resumo estruturado

INTRODUÇÃO: A insuficiência cardíaca (IC) tem a inflamação como um de seus muitos pilares fisiopatológicos. Relatamos o caso de uma paciente com quadro de IC descompensada e aumento acentuado e persistente de proteína C reativa (PCR).
RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 22 anos, listada em prioridade para transplante cardíaco por miocardiopatia não compactada, apresentando piora gradual apesar do uso de inotrópicos (classificação Intermacs 2). Durante a internação, exames laboratoriais apontaram elevação acentuado e persistente da PCR (14mg/dL, no dia seguinte 16mg/dL), sem sinais localizatórios de infecção (febre, tosse, disúria, etc.). Pela gravidade da paciente, foram coletadas culturas e iniciados antibióticos. Os valores da PCR permaneceram elevados, com pequena alteração após a introdução do antimicrobiano ( 11mg/dL, posteriormente 10mg/dL e após 48 horas 8,38mg/dL). A procalcitonina não estava disponível inicialmente, mas quando executada após cinco dias de antibiótico resultou abaixo de 0,2mg/dL, indicando que apesar do aumento da PCR (que atingiu 17mg/dL na mesma amostra), não havia processo infeccioso. Finalmente, as culturas coletadas indicaram não ter havido crescimento bacteriano. A paciente pôde então ser reativada na fila de transplante cardíaco, mas dada à piora hemodinâmica foi implantada ECMO como ponte para transplante, recebendo o enxerto após três dias.
DISCUSSÃO: A PCR é um marcador precoce e inespecífico da resposta aos processos infecciosos ou inflamatórios, e tem sido utilizada como adjuvante para o diagnóstico de infecção, sendo útil ainda para monitorar a resposta ao antimicrobiano. Seus níveis costumam aumentar de forma exponencial em resposta a estados infecciosos, decrescendo rapidamente se tratamento eficaz. Recentemente tem sido apontada como marcador de mau prognóstico em pacientes admitidos com insuficiência cardíaca. No registro asiático ATTEND, aumentos da PCR acima de 11,8mg/dL na admissão de pacientes hospitalizados por IC associaram-se a maior mortalidade em curto prazo.
CONCLUSÃO: o aumento de PCR deve ser lembrado como um marcador independente de mau prognóstico em pacientes com IC descompensada, e pode ainda confundir o examinador quanto à presença de infecção, principalmente em pacientes mais predispostos (caquéticos, em uso de cateteres endovenosos, etc.). Nestas situações, o padrão sustentado de aumento da PCR, como um platô, e valores normais de procalcitonina podem elucidar a questão.

Palavras-chave (de 3 a 5)

Insuficiência cardíaca, proteína C reativa, infecção

Área

Clínico

Autores

Germana Linhares Almeida, Natália Stefani Ferreira, Juliana Rolim Fernandes, Jefferson Luis Vieira, Laura Escossia, Glauber Gean Vasconcelos, Gyslane Vasconcelos Sobral, Juan Cosquillo Mejia, Joao Davi Souza-Neto