25° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

FISTULA VENTRICULO ESQUERDO-ATRIO DIREITO EM ADULTO. MANIFESTAÇAO ATIPICA DO DEFEITO DE GERBODE ?

Resumo estruturado

INTRODUÇÃO: O defeito de Gerbode, primeiramente relatado no ano de 1838, faz referência a uma malformação no septo ventricular associada a um defeito no folheto septal da valva tricúspide, que produz um shunt entre o ventrículo esquerdo (VE) e o átrio direito (AD). São usualmente localizados na região do septo membranoso e com entrada no AD anterior ao seio coronário. É uma alteração rara, correspondendo a menos de 1% das cardiopatias congênitas. A variante adquirida tem como causas principais: endocardite infecciosa, cirurgias cardíacas prévias ou IAM. Os pacientes podem ser assintomáticos ou apresentar-se com insuficiência cardíaca congestiva (ICC), com morbimortalidade significativa, sendo necessária intervenção cirúrgica precoce. O ecocardiograma (ECO) é o padrão-ouro para o diagnóstico. RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, 32 anos, foi internado em um hospital terciário de Fortaleza com quadro de anasarca por ICC e fibrilação atrial. Ao ECO, visualizou-se sobrecarga das quatro câmaras cardíacas, aumento das pressões em enchimento de VE, leve insuficiência de valva mitral, refluxo leve a moderado de valva tricúspide, dilatação do tronco pulmonar, comunicação VE-AD de 30 x 9 mm, posterior ao septo membranoso, causando shunt esquerda-direita moderado-importante. Não havia sinais de endocardite. Ao estudo hemodinâmico, os fluxos sanguíneos dos pulmões e circulação sistêmica apresentavam uma relação Qp/Qs de 1.875; O paciente foi abordado cirurgicamente, identificado comunicação de 1cm de diâmetro entre AD e VE, posterior ao seio coronário, sendo realizado seu fechamento com pericárdio bovino. A abordagem foi realizada sem intercorrências. Paciente segue estável hemodinamicamente em acompanhamento na enfermaria. DISCUSSÃO: Embora o defeito de Gerbode tenha sido considerado quando identificada a comunicação VE-AD ao ecocardiograma, a localização não era a usualmente descrita, em geral relacionada ao septo membranoso. Não havia também indícios de etiologia adquirida. O estudo hemodinâmico não acrescentou na identificação da etiologia, mas confirmou a repercussão hemodinâmica do defeito com as avaliações de fluxo e pressões. Mantidos os questionamentos etiológicos, não restaram dúvidas quanto à necessidade imediata de intervenção cirúrgica. A cirurgia confirmou uma localização atípica da comunicação VE-AD, posterior ao seio coronário, sem anomalias de folhetos tricuspídeos ou indícios de etiologia adquirida. CONCLUSÃO: O caso apresentado detalha uma apresentação morfológica atípica de comunicação entre o VE e o AD em adulto com provável etiologia congênita. O diagnóstico e tratamento do quadro foi efetivo e a análise cirúrgica confirmou uma localização incomum do defeito, não obedecendo as características usualmente descritas para o defeito de Gerbode, defeito similar raro descrito na literatura.

Palavras-chave (de 3 a 5)

Defeito de Gerbode; Shunt Esquerdo-Direito; Fístula atrioventricular;

Área

Cirúrgico

Autores

Talita Mendes Bezerra Ximenes, Emmanuella Passos Chaves, Acrisio Sales Valente, Frederico Carlos de Sousa Arnaud, Filadelfo Rodrigues Filho, Maria Suely Bezerra Diógenes, Fernando Antônio de Mesquita, Aloísio Sales Gondim