25° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

PERICARDITE AGUDA: A GRAVIDADE DA REPERCUSSÃO HEMODINÂMICA PODE NÃO SE RELACIONAR A SUA ETIOLOGIA.

Resumo estruturado

Introdução
A pericardite corresponde ao processo inflamatório do pericárdio, manifestando-se através de dor torácica, derrame ou atrito pericárdico, associado às alterações eletrocardiográficas. O objetivo deste estudo é descrever um caso de pericardite aguda idiopática, o qual foi conduzido como pericardite empiematosa e realizado profilaxia para doença reumática, tendo a repercussão hemodinâmica sua principal motivação.
Relato do Caso
MVSP, masculino, 8 anos, natural e procedente de Pendências, RN. Em abril de 2019 iniciou quadro de faringite sem placas purulentas e febre com duração de 5 dias, medicado com dipirona e dexametasona. Após 48 horas retornou queixando-se de dor torácica retroesternal de forte intensidade. O ECG revelou taquicardia sinusal, supradesnivelamento difuso do segmento ST e infradesnivelamento do segmento PR; hemograma com leucocitose. Transferido ao hospital, apresentava-se em REG, hipocorado ++/4+, hidratado, anictérico, acianótico, febril, taquipneico e presença de turgência jugular ++/4+ a 30º; AP:MV+, reduzido em bases, sem RA; AC:RCR, bulhas hipofonéticas ++/4+, sem sopros, cliques ou estalidos, FC 109bpm e PA 90x60mmHg; abdome plano, flácido, RHA normal, doloroso difusamente à palpação profunda, fígado palpável a 3cm abaixo do rebordo costal direito; presença de edema em mmii ++/4+. O raio-x mostrava alargamento do ICT e velamento dos seios costocardiofrênicos direitos. O ecocardiograma TT evidenciou derrame pericárdico moderado e sem restrição ao enchimento ventricular. Optou-se por introduzir ceftriaxona, prednisona 1mg/kg, furosemida e sintomáticos. No dia seguinte, o paciente apresentava elevação de PCR e sem melhora do quadro clínico geral e da insuficiência cardíaca direita, tendo sido introduzido espironolactona e vancomicina. Evoluiu com melhora progressiva, recebendo alta no 12º dia, com diuréticos, prednisona, colchicina, além de penicilina benzatina a cada 21 dias. No 26º dia do início do quadro, o menor foi atendido no Ambulatório da FACS da UERN: assintomático, com exame físico normal. O ECG e ecocardiograma apresentavam-se normais.
Discussão
Na avaliação retrospectiva, não foi possível identificar subsídios que justificasse uma pericardite empiematosa, tampouco de etiologia reumática. Admitimos se tratar de uma pericardite idiopática, sendo que a etiologia viral deva ser a responsável pelo quadro. Optou-se por suspensão dos diuréticos e da profilaxia da doença reumática, além de descontinuidade da prednisona e permanência da colchicina. A febre reumática apesar de ser comum em crianças, está associada a faringoamigdalite purulenta e não é comum desenvolver quadro concomitante de pericardite.
Conclusão
A suspeição diagnóstica para o caso é de pericardite aguda com repercussão hemodinâmica pelas características clínicas e exames complementares. É importante a investigação das possíveis etiologias, bem como desenvolver a perspicácia de excluir diagnósticos improváveis, evitando terapêuticas desnecessárias.

Palavras-chave (de 3 a 5)

Pericardite; Doença Reumática; Pericardite Idiopática

Área

Clínico

Autores

Michele Oliveira Silva, João Paulo Costa Fernandes, Ernani Souza Leão Neto, Marcos Oliveira, Suyane Maria Paiva Pimenta, Cléber Mesquita Andrade