25° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

POCUS NO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DE DISPNEIA NO DEPARTAMENTO DE EMERGENCIA: UM RELATO DE CASO.

Resumo estruturado

Introdução: A dispneia é uma das situações mais angustiantes para o paciente na sala de emergência. Um diagnóstico imediato nem sempre é possível, e muitas vezes o exame físico e a radiografia à beira do leito apresentam falhas, levando à necessidade de exames complementares mais sofisticados que retardam o manejo do paciente. A Ultrassonografia é uma das opções para o diagnóstico de patologias pleuropulmonares, tanto na emergência quanto na unidade de terapia intensiva, constituindo parte do chamado Point Of Care UltraSound (POCUS). Tendo se tornado uma ferramenta crucial na emergência, hoje existem protocolos bem definidos para tal. Dentre eles, o protocolo Ultrassonografia Pulmonar à beira leito na Emergência (BLUE) demonstrou elevado rendimento diagnóstico em pacientes com Insuficiência Respiratória Aguda. Discussão: Paciente L.S.S., masculino, 20 anos, deu entrada na emergência de um Hospital Terciário com quadro de dispneia progressiva, que persistia há 11 dias, associada à dor torácica em pontadas, sem irradiação ou relação com estresse e exercício físico. Na admissão, apresentava bom estado geral, escala de coma de Glasgow de 15, acianótico, anictérico, afebril, hidratado, normocorado, com pressão arterial de 120/90 mmHg, frequência cardíaca de 128 bpm, frequência respiratória de 26 irpm e saturação de oxigênio de 99%. Não havia alterações na ausculta cardíaca, mas na pulmonar foram identificadas crepitações em todo o hemitórax esquerdo, além de murmúrio vesicular reduzido em seu terço inferior, e abolido em terço inferior do hemitórax direito. No exame abdominal, apresentava como achados a manobra de piparote positiva e hipertimpanismo. Foi evidenciado, ao raio X, uma significativa área cardíaca, e no eletrocardiograma, observou-se um padrão de baixa voltagem difusa e alternância do eixo do complexo QRS, sugerindo derrame pericárdico. Dos antecedentes pessoais, destaca-se o diagnóstico de transtorno afetivo bipolar, com uso de risperidona, biperideno e carbonato de lítio. Como o paciente não apresentou semiologia típica de patologia específica, optou-se por utilizar o POCUS, o qual evidenciou, à janela apical, quatro câmaras, um extenso derrame pericárdico sem sinais de tamponamento cardíaco (restrição diastólica de câmaras direitas), além de extenso derrame pleural bilateral, principalmente à direita, corroborando o exame físico. Conclusão: Neste caso, o uso do POCUS foi essencial para o diagnóstico diferencial do quadro de dispneia, queixa comum no departamento de emergência, e que exige, na maioria das vezes, exames complementares para melhor elucidação e manejo do quadro. Após atendimento inicial e com as imagens do POCUS, o paciente foi admitido no serviço para melhor investigação diagnóstica, mantendo-se sob monitorização devido risco iminente de tamponamento cardíaco e necessidade de intervenção imediata (pericardiocentense), que, na ocasião, também poderia ser guiada pelo POCUS, evitando complicações inerentes ao procedimento.

Palavras-chave (de 3 a 5)

Dispneia; Derrame pericárdico; Diagnóstico diferencial; Ultrassom; Protocolos clínicos.

Área

Clínico

Autores

Reslem Feitosa Custodio, Geórgia Almeida Nogueira, Vitor Carneiro de Vasconcelos Gama, Thaís Gomes Peixoto, Yury Tavares de Lima, Frederico Carlos de Sousa Arnaud, Filadelfo Rodrigues Filho