25° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

TAXA DE FILTRAÇAO GLOMERULAR COMO PREDITOR DE ALTO RISCO CARDIOVASCULAR NA ATENÇAO PRIMARIA A SAUDE

Resumo estruturado

Introdução: O Diabetes Mellitus (DM) tipo 2 (DM2) é responsável pela maior parte das complicações atribuíveis a essa doença. Muitas das adversidades do DM2 são de origem vascular, quer sejam elas macrovasculares, como as doenças cardiovasculares (DCV), quer sejam microvasculares, como a Doença Renal do Diabetes (DRD), que tem prevalência de 20 a 40% e forte associação com maior prevalência de doença arterial coronariana (DAC). O objetivo deste estudo é avaliar a associação entre parâmetros de função renal e o risco cardiovascular (RCV) predito por escores de risco entre indivíduos com DM2 da Atenção Primária à Saúde (APS).
Resultados e discussão: Este é um estudo transversal, em que foram avaliados, de Janeiro a Outubro de 2017, 128 indivíduos com DM2 sem DCV prévia, de 30 a 74 anos, que frequentavam uma unidade de APS de Fortaleza. Foram analisados 128 diabéticos, com média de idade de 56±10 anos. Cerca de 18% eram portadores de DRD, definida como taxa de filtração glomerular (TFG)<60ml/mL/min/1,73m2 e/ou microalbuminária≥30 mg/24horas, sendo que 50% estavam no estágio 1, 25% no estágio 2 e 25% estavam no estágio 3A. O nível médio de creatinina sérica foi de 0,77±0,20 mg/dL, a TFG média pelo método CKD-EPI foi de 92,79±17,24 mL/min/1,73m2 e a microalbuminúria média foi de 24,59±58,53 mg/24h. A estratificação do RCV dos participantes mostrou maioria de alto risco pelo Escore de risco de Framingham (ERF) usando frações lipídicas e usando o índice de massa corpórea (IMC) (68% e 78%, respectivamente) e maioria de baixo risco pelo escore UKPDS nas categorias DAC e acidente vascular encefálico (AVE) ( 81,3% e 78%, respectivamente). Houve associação significativa entre RCV mais elevado pelo ERF lipídios e menores valores de TFG (p=0,011), o que não foi evidenciado com a albuminúria (p=0,086) e com a creatinina sérica (p=0,132). O ERF IMC evidenciou risco elevado associado a valores mais reduzidos de TFG (p=0,022) e de microalbuminúria (p=0,001), mas não aos valores de creatinina plasmática (p=0,540). O UKPDS DAC apresentou risco elevado associado a menores valores de TFG (p=0,048), maiores valores de albuminúria (p=0,018) e de creatinina sérica (p=0,024), enquanto o UKPDS AVE evidenciou apenas relação de alto risco com valores menores de TFG (p=0,002).
Conclusão: A maior parte dos indivíduos avaliados era de alto RCV pelos escores tradicionais (ERF lipídios e ERF IMC) e de baixo RCV pelo escore mais específico para a população diabética (UKPDS DAC e AVE). Na análise da associação entre os parâmetros de função renal e o risco cardiovascular predito pelos escores, mostrou-se que há uma grande associação entre RCV mais elevado e valores mais reduzidos de TFG para todos os escores avaliados, o que evidencia que a TFG pode e deve ser utilizada na prática clínica da atenção primária como um fator preditor de RCV mais elevado

Palavras-chave (de 3 a 5)

Taxa de filtração glomerular, Risco cardiovascular e Atenção primária à saúde

Área

Clínico

Autores

Vinícius Coelho Garcia, Mariana Melo Gontijo, Ana Beatriz Feijó de Andrade, Bianca Fernandes Távora Arruda, Gabriel Veras Porto, Ana Karoline Medina Néri, Danielli da Costa Lino, Mário Luiz Guerra de Castro, Geraldo Bezerra Júnior