25° Congresso Cearense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

PERFIL DE RISCO CARDIOVASCULAR DE INDIVIDUOS DIABETICOS ATENDIDOS NA ATENÇAO PRIMARIA A SAUDE

Resumo estruturado

Introdução: Os diabéticos possuem risco aumentado de sofrer eventos cardiovasculares (ECV) e maior risco de óbito em decorrência deles. Esses eventos incluem a doença arterial coronariana (DAC) e o acidente vascular encefálico (AVE), os quais ocorrem com maior frequência nos diabéticos devido à associação de fatores de risco prevalentes nesta população, dentre eles hipertensão arterial, dislipidemia e obesidade. Não está bem estabelecido, no entanto, qual o melhor escore para estratificação de risco cardiovascular (RCV) a ser utilizado na prática clínica nos indivíduos diabéticos. Esse trabalho visa caracterizar o perfil de risco segundo diferentes escores de RCV em indivíduos portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) acompanhados em uma unidade de atenção primária à saúde (APS). Resultados/Discussão: Trata-se de um estudo transversal, no qual foram avaliados, de Janeiro a Outubro de 2017, 128 indivíduos com DM2 sem DCV prévia, que frequentavam uma unidade de APS de Fortaleza. Os pacientes tinham uma média de idade de 56 ± 10 anos e eram na sua maioria do sexo feminino (68%). Realizou-se a estratificação de RCV por escores derivados da coorte de Framingham, o escore de risco de Framingham (ERF) lipídios, o ERF usando índice de massa corpórea (IMC) e o escore da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e por um escore mais específico para a população diabética, o UKPDS. O ERF lipídios mostrou maioria de alto RCV (68,8%), com um escore médio alto, de 21,39 ± 14,26% de risco de ECV nos próximos 10 anos. Pelo escore ERF IMC, cerca de 78% foram considerados de alto RCV, com um escore médio de 26,90 ± 16,38%, o que representa quase 30% de risco de ECV nos próximos 10 anos. Pelo escore da SBC, houve uma quase totalidade de alto RCV (98,4%). Apenas 1,6% dos indivíduos eram de risco intermediário e não houve participantes de baixo risco. Já pelo escore UKPDS categoria DAC, a maioria era de baixo RCV (81,3%), com um risco médio estimado de evolução para DAC de 6,98 ± 5,65% nos próximos 10 anos. Quanto ao desfecho AVE, 78% eram de baixo RCV, com um risco médio de evoluir com este desfecho em 10 anos de 6,47 ± 5,91%. Já para o desfecho AVE fatal, 100% eram de baixo RCV e possuíam um risco médio de apresentar este desfecho em 10 anos de 0,96 ± 1,02%. Conclusão: A maior parte dos indivíduos avaliados era de alto RCV pelos escores tradicionais derivados da coorte de Framingham, fato não evidenciado pela estratificação realizada pelo escore UKPDS, derivado de uma coorte de diabéticos. O uso dos escores de risco é de suma importância para avaliar o RCV da população diabética e deve ser enfatizado na prática clínica da APS. Necessita-se, no entanto, realizar estudos mais robustos visando determinar qual o melhor escore a ser utilizado na população diabética brasileira, para que seja possível realizar uma melhor avaliação dos diabéticos e, consequentemente, o desenvolvimento de estratégias mais adequadas para prevenir desfechos cardiovasculares.

Palavras-chave (de 3 a 5)

Risco cardiovascular, Diabetes e Atenção primária à saúde

Área

Clínico

Autores

Maria Stella Vasconcelos Valente, Jairo Siqueira Filho, Bianca Fernandes Távore Arruda, Felipe Klezevski Pimentel, Isabela Carvalho Studart, Ane Karoline Medine Néri, Danielli da Costa Lino, Mário Luiz Guerra de Castro, Geraldo Bezerra Júnior