29º Congresso Cearense de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

Esclerite Anterior Necrotizante: Um relato de caso

Objetivo

Apresentar caso de esclerite anterior necrotizante, tratamento utilizado e evolução.

Relato do Caso

JDM, masculino, 66 anos, com baixa acuidade visual e dor no olho direito (OD) há 1 mês. História pregressa de queimadura corporal há 30 anos, sem comorbidades ou cirurgia ocular prévia. Ao exame oftalmológico: Acuidade visual sem correção (AV S/C) em OD conta dedos a 1 metro, e, em olho esquerdo (OE), 20/40; biomicroscopia: OD hiperemia conjuntival 2+/4+, lesão avascular com fundo necrótico acometendo esclera temporal medindo 3,8mm x 4,8mm; OE sem alterações significativas. Pressão intraocular (PIO) em OD 16 e em OE 17 mmHg. Iniciou-se tratamento do OD com Gatifloxacino 1/1h e Prednisona oral 60mg/dia e solicitaram-se exames. Após 7 dias, houve melhora dos sintomas; AV S/C OD 20/100 e OE 20/40; lesão no OD de melhor aspecto, fundo limpo, flúor negativo; PIO 12mmHg em ambos os olhos (AO). Exames laboratoriais: hemograma normal, PPD zero, sorologias negativas, C-ANCA não reagente. Realizou-se redução gradual das medicações; entretanto, o paciente evoluiu com piora da dor e surgimento de esclerite nodular em região medial do OD. Ao exame oftalmológico: redução da AV OD CD a 1,5 metros e AV OE 20/100, PIO OD zero e OE 14 mmHg. À tomografia de coerência óptica foi evidenciado edema macular cistóide no OD e à ultrassonografia ausência de esclerite posterior. Foi prescrito Dipropionato de Betametasona + Fosfato Dissódico de Betametasona, Predfort 2/2 horas e Prednisona oral 60mg/dia. Após 1 semana, apresentava-se com olho calmo e resolução dos sintomas; PIO 15mmHg em OD. Apesar de não ter sido encontrado causa sistêmica, deve-se continuar o acompanhamento.

Conclusão

Esclerite é uma patologia inflamatória que pode ocasionar graves prejuízos visuais. Nas formas necrotizantes, a perda visual é mais comum e a chance de associação com doenças sistêmicas é elevada (75-80%), necessitando de investigação laboratorial sistêmica e tratamento imediato. Em alguns casos, os sintomas sistêmicos podem surgir após meses do acometimento ocular, sendo importante o acompanhamento clínico e oftalmológico do paciente.

Área

Geral

Instituições

FUNDAÇÃO LEIRIA DE ANDRADE - Ceará - Brasil

Autores

LARA GONÇALVES FERNANDES, INGRID CAVALCANTE SARQUIS, NATÁLIA PONTE NOGUEIRA MARQUES