30° Congresso Cearense de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

Relato de caso sobre a correlação da vacina contra influenza com o edema macular cistoide

Objetivo

Relatar um caso de paciente com provável reação ocular adversa de edema macular cistóide (EMC) extenso em ambos os olhos (AO) após vacinação contra influenza.

Relato do Caso

MJA, sexo feminino, 63 anos, sem comorbidades sistêmicas, possuía diagnóstico de catarata AO, com acuidade visual (AV C/C) de 20/40 AO, submetida a cirurgia de facoemulsificação (FACO) com implante de lente intraocular AO (intervalo de duas semanas entre cada olho), sem intercorrências. Uma semana pós-FACO, AV C/C 20/20 AO, sem queixas e fazendo uso adequado dos colírios do pós-operatório (antibiótico de amplo espectro + corticoide + cetorolaco). Dez dias pós-FACO do último olho, foi submetida a vacinação contra influenza (campanha contra a gripe), evoluindo após 7 dias com dificuldade visual. Mapeamento de retina evidenciou EMC grave em AO, com AV C/C 20/150 em olho direito (OD) e 20/60 em olho esquerdo (OE). Iniciou, assim, tratamento com injeções intravítreas do anti-angiogênico Aflibercepte (2 injeções em cada olho) em AO, com aplicações semanais e alternadas. Evoluiu após o tratamento com AV C/C OD 20/25 e OE 20/20 com resolução do EMC constatado ao exame de tomografia de coerência óptica.

Conclusão

O EMC é uma complicação das intervenções cirúrgicas oculares, em que ocorre liberação de substâncias inflamatórias que aumentam a permeabilidade vascular, levando a formação de cistos na mácula. Aparece em média 30 a 38 dias após o procedimento, principalmente em pacientes com algum fator de risco, como diabetes ou doenças retinianas prévias. Ainda não se tem estabelecida a relação entre a vacina contra a influenza e o surgimento de EMC. Na literatura mundial, consta somente uma publicação de 1991 sobre essa correlação entre a cirurgia de catarata, vacina contra a gripe e EMC. Isso fortalece uma provável relação entre o edema macular e o processo inflamatório desencadeado pela vacina contra influenza. Diante disso, é fundamental que ocorra a recomendação, por parte dos profissionais, para que os pacientes submetidos a procedimentos oculares invasivos evitem vacinação no pós-operatório imediato.

Área

Oftalmologia

Autores

ALINE LOURENÇO CORDEIRO, Juliana de Lucena Martins Ferreira, Antônio Bruno Vieira Nepomuceno