30° Congresso Cearense de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

Neurorretinite por Bartonella henselae - Doença da Arranhadura do Gato

Objetivo

Expor caso de neurorretinite por Bartonella henselae atendido no Hospital Geral de Fortaleza

Relato do Caso

MHRF, 45 anos, feminino, previamente hígida, sem histórico oftalmológico cirúrgico ou familiar, procedente de Fortaleza – CE, abriu quadro de baixa acuidade visual (BAV) em olho esquerdo (OE) de origem súbita e indolor em 12/07/19, referindo melhora nas 24h seguintes, evoluindo com nova piora e manutenção da BAV. Sem queixas sistêmicas.
Ao atendimento, exame oftalmológico com inspeção, motilidade ocular e biomicroscopia sem alterações. AV corrigida de 20/20 olho direito (OD) e 20/400 OE. Pressão intraocular normal em ambos os olhos. Oftalmoscopia indireta do OE identifica papila com bordas borradas, tortuosidades vasculares, ausência de hemorragias, edema macular (EM) difuso e ausência de estrela macular. OD sem alterações.
Avaliação complementar realizada com pesquisa para doenças infecciosas (citomegalovírus, tuberculose, toxoplasmose) e autoimunes, angiofluoresceinografia (ANGIO), tomografia de coerência óptica (OCT) e campimetria computadorizada (CC).
Retornou com pesquisa de doenças autoimunes e infecciosas normais, ANGIO evidenciando hiperfluorescência precoce no nervo óptico e EM na fase tardia, CC apresentando aumento da mancha cega e diminuição difusa da sensibilidade, e OCT com presença de EM difuso. Todos os achados se referem ao OE, OD sem alterações.
Devido as condições socioeconômicas do paciente e indisponibilidade de pesquisa de bartonella no serviço associado à exclusão de outras patologias e achados oftalmológicos sugestivos, decidiu-se por iniciar tratamento empírico com Azitromicina pensando no diagnóstico de Doença da Arranhadura do Gato.
Acompanhada por dois meses, evoluiu com melhora expressiva do quadro oftalmológico, evidenciada através dos exames e da AV, sendo 20/40 até a última avaliação.

Conclusão

O acometimento ocular pela patologia em questão não é incomum e, muitas vezes, é negligenciado. Devido ao risco importante de sequelas este tipo de neurorretinite deve ser lembrada como diagnóstico diferencial, mesmo nos casos onde não existem sintomas sistêmicos.

Área

Oftalmologia

Autores

FELIPE NUNES DE MIRANDA, MATHEUS ANDRIGHETTI ROSSI, MARCELO BEZERRA DIOGENES