30° Congresso Cearense de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

DEZ ANOS DE ACOMPANHAMENTO DE UM COLOBOMA DE NERVO ÓPTICO COM SUSPEITA DE GLAUCOMA

Objetivo

Relatar um caso de coloboma atípico de nervo óptico em paciente com escavação aumentada constitucional.

Relato do Caso

Homem de 42 anos, com histórico familiar de glaucoma (avó paterna, pai, tios paternos e avô materno) e portador de coloboma de nervo óptico (NO) em região temporal inferior do olho esquerdo (OE), sem comorbidades sistêmicas ou antecedentes de trauma e cirurgias oculares. Há, aproximadamente, 10 anos atrás, foi diagnosticado com escavação aumentada constitucional (EAC) em ambos os olhos (AO), negava uso de colírios e apresentava, ao primeiro exame: acuidade visual sem correção (AV s/c) 20/20 AO, pressão intraocular (PIO) 16 AO, biomicroscopia e gonioscopia AO normais, fundoscopia revelava NO corado, de tamanho médio, com escavação 0,6 olho direito (OD) e 0,75 OE com a presença de coloboma temporal. Teste de sobrecarga hídrica (TSH), realizado em 2012, demonstrava pico de PIO 19 OD e 20 OE com paquimetria especular de 542µ OD e 549µ OE. Campimetria computadorizada (CV) demonstrava OD dentro da normalidade, mas OE com escotomas absolutos paracentrais/periféricos superiores (escotoma arqueado superior incompleto) e aumento da mancha cega. Manteve acompanhamento anual preventivo para glaucoma, com conduta expectante, sem alterações nos exames acima citados, no entanto, em 2018, novo TSH indicou pico PIO 22 OD e 18 OE, escavação 0,75 OD e 0,8 OE, com CV mantido normal em OD, mas demonstrando aumento dos escotomas em relação ao exame anterior de OE. Optou-se por manter o não uso de hipotensores oculares, entendendo que se tratou de um aumento de escavação decorrente do tempo/idade e que a piora do CV foi somente em território da anormalidade retiniana.

Conclusão

Desse modo, é de extrema importância o conhecimento acerca do coloboma, em suas formas atípicas, e que a escavação aumenta fisiologicamente com intervalo longo de anos, sendo um dado falso positivo para glaucoma. O presente relato evidencia que nesses casos não é necessário fazer uso de medicações para redução da PIO, o que trás benefícios ao paciente, tanto do ponto de vista financeiro, como também iatrogênico.

Área

Oftalmologia

Autores

BEATRIZ NUNES FERRAZ DE ABREU ZECH SYLVESTRE, RIDSON GUILHERME PARENTE DE AGUIAR, JULIANA DE LUCENA MARTINS FERREIRA