X Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos

Dados do Trabalho


Título

O LUTO DEPOIS DA MORTE REPENTINA: UMA PERSPECTIVA FENOMENOLOGICA

Introdução

A morte é um fenômeno natural que afeta todos os seres vivos, mas falar sobre ela é um tabu, pois a sociedade encara a morte como algo principalmente negativo. A morte repentina é atualmente a forma de morrer mais desejada, tanto para si quanto para os outros. Ela é vista como uma solução para o sofrimento físico e mental que poderia surgir.

Objetivo e Método

Objetivo: Delimitar como a fenomenologia-existencial interpreta e atua no luto após uma morte repentina.
Método: Trata-se de uma pesquisa teórica tendo como base as contribuições dos principais autores que tratam do tema a partir da fenomenologia-existencial, como Heidegger, Merleau-Ponty e Freitas. Também se examina como diferentes suportes influenciam o luto e a aceitação da morte a partir de casos como o luto materno e o luto de profissionais de saúde.

Resultados

Os principais pontos são: 1) Na Antiguidade, as mortes repentinas eram vistas como vergonhosas e indecorosas; 2) Hoje, a morte repentina é entendida de várias formas, sendo mais aceitável na velhice, mas é vista como trágica na infância e juventude, por ir contra o fluxo natural da vida; 3) Na perspectiva fenomenológica-existencial, o luto é visto como a ausência do tu na relação eu-tu, o fim da possibilidade de estar com o outro e de ter projetos conjuntos; 4) O enlutado deve viver com essa ausência, redefinir a relação com o falecido e com o mundo, e estar aberto a novas formas de ser-com-os-outros; 5) As circunstâncias da morte e os sentimentos advindos interferem na forma como o luto será vivido; 6) A religião pode ajudar a ressignificação da relação eu-tu de pais enlutados, trazendo um sentido apaziguador à angústia sentida; 7) O luto materno é entendido a partir de uma vivência ambígua, perde-se o filho e, também, o ser-mãe do falecido; 8) No contexto hospitalar, o luto da equipe de saúde não é permitido, age-se como se ele não existisse, pois, em teoria, não podem se envolver emocionalmente em seus casos clínicos.

Conclusão/Considerações finais

Para a fenomenologia existencial, o luto de uma morte repentina é um processo que não termina. Assim, cabe ao enlutado a tarefa de ressignificar a relação eu-tu frente à ausência do ente querido e seu modo de existir no mundo. Embora o luto seja insuperável, ele pode ser bem vivido, elaborado e reinterpretado.

Freitas, J L. (2018) Luto pathos e clínica: uma leitura fenomenológica. Psicol. USP 29(1)
Kovács, M J. (1992) Morte e desenvolvimento humano. Casa do Psicólogo.

Palavras Chave

Fenomenologia; morte; Luto

Área

Outras áreas

Instituições

Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

ARTHUR KELLES ANDRADE, ANDRÉ LUIZ BARCELOS GOMES