Dados do Trabalho
Título
A POTENCIA DOS VINCULOS ENTRE FAMILIAS ENLUTADAS E A EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS PEDIATRICOS
Introdução
Crianças e adolescentes com doenças ameaçadoras à vida e seus familiares necessitam dos Cuidados Paliativos Pediátricos (CPP), iniciando-se no momento do diagnóstico até no processo de luto após o óbito. A assistência paliativista promove alívio de sintomas, considerando a multidimensionalidade do sofrimento, promovendo qualidade de vida por meio de uma atuação empática e compassiva.
Objetivo e Método
O presente estudo faz parte de uma pesquisa de mestrado que teve como objetivo cartografar as relações construídas entre profissionais de uma equipe de CPP de um hospital universitário e familiares de crianças que faleceram por câncer. O método adotado foi a Cartografia, a qual acompanha os processos no plano da experiência e os efeitos sobre o objeto, o pesquisador e a produção do conhecimento. Foram realizadas entrevistas de manejo cartográfico com sete familiares de cinco famílias distintas, e um grupo de discussão com dez profissionais de uma equipe de CPP. Todos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, autorizaram a gravação dos encontros, que em seguida foram transcritos e analisados, juntamente com o diário de bordo do pesquisador.
Resultados
A cartografia mostrou que o vínculo família-profissionais é um grande aliado no processo de luto. As famílias geralmente têm recordações de uma relação de amorosidade e confiança construída durante o tratamento no hospital. Após o óbito, alguns familiares se sentiram amparados no acolhimento proporcionado pela equipe. A equipe, por sua vez, também vivencia o processo de luto, mas possui poucos espaços para se expressarem. Além disso, os profissionais demonstraram inseguranças do ponto de vista técnico para prestar assistência aos familiares enlutados. Ressalta-se a relevância das tecnologias leves, que sustentam os vínculos e amenizam o sofrimento dos enlutados; a necessidade de maior capacitação para os profissionais ofertarem assistência aos familiares no processo de luto após o óbito; e a construção de dispositivos de acolhimento aos profissionais também.
Conclusão/Considerações finais
Conclui-se que a atuação em CPP exige flexibilidade e sensibilidade dos profissionais, e que o vínculo de confiança com a família no processo de adoecimento da criança, além do acompanhamento após o óbito, são posturas e práticas que amparam e facilita o enfrentamento da família no processo de luto.
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Palavras Chave
Cuidados Paliativos Pediátricos; Luto; Qualidade da assistência à saúde
Área
Outras áreas
Instituições
UFMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
LUCAS HENRIQUE DE CARVALHO, TEREZA CRISTINA PEIXOTO