X Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos

Dados do Trabalho


Título

TERAPIA NUTRICIONAL ARTIFICIAL EM FIM DE VIDA E A RELAÇAO COM INTERCORRENCIAS CLINICAS E NUTRICIONAIS DE PACIENTES ATENDIDOS PELA EQUIPE INTERCONSULTORA DE CUIDADOS PALIATIVOS DE UM HOSPITAL PUBLICO DA REGIAO DE SAUDE OESTE DO DISTRITO FEDERAL

Introdução

A formação em saúde ainda tem forte caráter biologicista, com abordagem marcadamente curativa, mesmo diante de doenças avançadas, em fim de vida¹. A assistência à saúde focada na cura, por vezes, utiliza de métodos invasivos que quase sempre ignoram sintomas como dor e intercorrências em trato gastrointestinal; o que consiste em um desafio da assistência nutricional com prestação de cuidados humanos e dignos frente à mortalidade ².

Objetivo e Método

Associar a ingestão calórica e a via de administração da dieta com intercorrências clínicas e nutricionais em fim de vida. Estudo transversal, retrospectivo com pacientes adultos e idosos, de ambos os sexos, atendidos pela Equipe de Cuidados Paliativos (ECP), no período de 2 anos (jan 2017-dez 2018), com dados obtidos a partir dos registros da equipe multiprofissional assistente em prontuário eletrônico (TrakCare®) e análises de estatística descritiva e bivariadas para avaliar as associações, considerado significativo p<0,05. Trabalho aprovado pelo Comitê de Ética (CEP/FEPECS) conforme parecer n° 3.590.530

Resultados

117 pacientes, maior parte idosos (47,01%) e super idosos (27,35%), internados no pronto socorro (56,41%), com risco de desnutrição ou em desnutrição e com baixa funcionalidade (PPS < 30%) e DCNT (58,12%). Foi possível observar alto percentual de pacientes recebendo nutrição artificial (NA) no parecer e desfecho (71,55% e 70,18%, respectivamente), sendo o uso mais prevalente em pacientes que não apresentavam o diagnóstico de Câncer (p<0,001). As intercorrências clínicas mais comuns foram diarreia, vômitos, instabilidade clínica e dor, sendo mais evidentes no desfecho. A maioria dos pacientes que apresentaram intercorrências, em ambos os momentos avaliados, tiveram maior oferta calórica (p0,041 e p<0,001 respectivamente) e faziam uso de NA (p 0,021 e p0,005 respectivamente). A menor oferta calórica correlacionou-se com o desfecho óbito (22,79kcal/kg ± 8,1, p<0,001).

Conclusão/Considerações finais

É evidente a importância do olhar ampliado do profissional de saúde para todas as dimensões do indivíduo assistido para além do estado nutricional, especialmente em fim de vida, onde aumentam os sintomas e a demanda de Cuidados Paliativos. É necessário o trabalho de equipe multiprofissional com interesse no indivíduo assistido, seus valores e preferências, para assim construir plano de cuidados individualizado, efetivo, pautado em ética, ciência, valores e preferências, evitando condutas potencialmente inapropriadas como a NA em contexto de fim de vida.

Referências

1. Davies E, Higginson IJ, editors. World Health Organization. The solid facts: palliative care [internet]. Denmark: WHO; 2004 [cited 2023 jul 3]. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/107561/9789289010917-eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
2. Bottoni A, Zaher-Rutherford VL. Reflexão Bioética sobre o uso de nutrição e hidratação artificial em pacientes terminais. Rev Bras Bioética. 2019;5:1-25.

Palavras Chave

Fim de vida; sintomas de impacto nutricional; Alimentação Artificia

Área

Controle de sintomas e qualidade de vida

Autores

PATRICIA BARBOSA FREIRE, ANA LUCIA RIBEIRO SALOMON