Dados do Trabalho

Título

SE EU PUDESSE ESCOLHER: QUAIS AS PRIORIDADES DE PACIENTES IDOSOS NO FINAL DA VIDA?

Introdução

As questões associadas aos cuidados de final de vida são vastas e complexas, demandando um olhar para as diferentes faces do sofrimento humano, cujo cuidado deve tangenciar todos os possíveis desfechos até a morte, bem como o processo de morrer, haja vista que todas essas fases farão parte do caminho em algum momento. Validar o que é importante para cada pessoa que vivencia um estado de vulnerabilidade pela doença é considerado um direito humano fundamental, sendo, ainda, um imperativo ético a busca pela garantia do alívio do sofrimento e do respeito às suas prioridades.

Objetivo e Método

O estudo teve como objetivo caracterizar quais as prioridades de pacientes idosos em um contexto hipotético de final de vida. Este trabalho é um recorte de um estudo de corte transversal de caráter analítico. A amostra estudada foi de idosos (60+), usuários do Sistema Único de Saúde, em atendimento ambulatorial que responderam um questionário validado no Brasil com base no projeto PRISMA. Foram avaliadas as características clínicas, sociodemográficas e relacionadas com a experiência prévia de adoecimento e morte com familiares e amigos.

Resultados

Houve a seleção e participação de 650 pessoas idosas e 56,7% gostariam de poder morrer no próprio domicílio. Quanto a este desejo, evidenciou-se associação significativa, com o fato de ter 80 anos ou mais (RP= 1,45 IC95%:1,12-1,88, p= 0,004), situação conjugal com companheiro (RP= 1,20; IC95%=1,05-1,37; p=0,007), ter comorbidades (RP=1,2; IC95%=1,05-1,37; p=0,040), polifarmácia (RP=1,28 IC95%=1,1-1,48; p=0,001), ter o diagnóstico de alguma doença grave (RP= 1,19 IC95%=1,02-1,39; p=0,023) e ter vivido de perto a morte de um familiar ou amigo (RP=1,2; IC95%= 1,00-1,44; p=0,039). Atinente aos cuidados de fim de vida, 45,6% gostariam de estar aliviados da dor e do estresse e 41,6% gostariam de ter toda a informação que quiser. Referente à sobrevida ou qualidade de vida, 70,2% priorizam a qualidade de vida.

Conclusão/Considerações finais

Defender os valores de um paciente em finitude da vida é uma tarefa desafiadora e exige atuação em variados aspectos. Conhecer suas prioridades permite um atendimento individualizado e empático, direciona o planejamento da equipe multiprofissional, além de poder fazer repensar a alocação de recursos e planejamento de políticas públicas.

Referências

Jorge R, Calanzani N, Freitas A, Nunes R, Sousa L. Preferência pela morte em casa e fatores associados entre idosos do município de Belo Horizonte, Brasil. Ciência saúde coletiva. 2019 Ago;24(8):3001–12.

Palavras Chave

Cuidados Paliativos; Vida/Finitude; Autonomia no cuidado paliativo