Dados do Trabalho
Título
A INTERSECÇAO DE MARCADORES DE VULNERABILIDADE E A INFLUENCIA NO SOFRIMENTO RELACIONADO AO HIV/AIDS PARA PESSOAS TRANS
Introdução
As fragilidades da identidade transgênero incorporam estigmas e preconceitos para pessoas vivendo com HIV/aids. A intersecção de marcadores de vulnerabilidade pode aumentar o sofrimento relacionado à saúde. Nesse contexto, os cuidados paliativos são essenciais para mitigar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
Objetivo e Método
Objetivo: Apreender as representações sociais relacionadas ao sofrimento em pessoas transgênero e travestis vivendo com HIV/aids, atendidas em um hospital de referência em doenças infecciosas.
Metodologia: Estudo qualitativo, exploratório e descritivo, com base na Teoria Das Representações Sociais, no período de dezembro de 2019 a fevereiro de 2020. Utilizou-se uma entrevista semiestruturada e a aplicação de um Teste de Associação Livre de Palavras. Participaram 8 usuários transgênero.
Resultados
Dentre os dados socioeconômicos e de hábitos de vida, houve predomínio de pessoas autodeclaradas pardas, com ensino médio incompleto, com identidade de gênero feminina, ausência de fonte de renda ou vínculos formais de trabalho. Além disso, o consumo de substâncias ilícitas permeou o discurso das participantes. Todas referiram uso de substância hormonal por meios próprios, sem acompanhamento médico prévio. Os elementos periféricos com impacto no sofrimento foram categorizados da seguinte forma:
preconceito e vulnerabilidade social, em que observou-se a predominância no sentimento de que ser travesti/trans implica em mais preconceito, medo e vulnerabilidade, quando comparado ao diagnóstico do HIV/aids; arrependimento, em que a vulnerabilidade da
expressão e identidade de gênero esteve intimamente relacionada ao estilo de vida, com predomínio do uso de substâncias, drogas ilícitas e práticas sexuais desprotegidas, o que resultou em impactos na saúde; morte, intimamente relacionada à representação social ao HIV, mesmo no início do diagnóstico. Esta última, perdeu força à medida as participantes passaram a conhecer sobre a terapia antirretroviral. A representação da morte, também trouxe o retrato da opressão, marginalização e violência em que as pessoas trans estão inseridas.
Conclusão/Considerações finais
A identidade e expressão de gênero agregam uma carga maior de preconceito e vulnerabilidade, quando comparada ao diagnóstico do HIV/aids. O entrecruzamento dos marcadores trouxe impactos no sofrimento, sobretudo psíquico e social. Recomenda-se mais pesquisas sobre a população trans, considerando as particularidades dos cuidados paliativos.
Referências
CIASCA, S.V; HERCOWITZ, A; JUNIOR, A. L. Saúde LGBTQIA+: práticas de cuidado transdisciplinar, 1. ed. Manole. Santana de Parnaíba (SP), 2021. 569p.
Palavras Chave
Pessoas transgênero Cuidados Paliativos HIV
Área
Populações
Autores
RENATA LAIS DA SILVA NASCIMENTO MAIA, FERNANDA GOMES LOPES