Dados do Trabalho

Título

A VULNERABILIDADE SOCIAL COMO PROPULSORA DA SINDROME DA IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA AVANÇADA E OS CUIDADOS PALIATIVOS NESTA EVENTUALIDADE: UM RELATO DE CASO

Apresentação do caso

Paciente transgênero feminino, 36 anos, em situação de rua, diagnosticada com síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) há 8 anos e tuberculose (TB) pulmonar e ganglionar há 4 meses. Em tratamento para TB há um mês e uso irregular de terapia antirretroviral e anfotericina B. Histórico de coinfecções por TB, histoplasmose disseminada e monilíase esofágica. Iniciou tabagismo e uso de álcool e substâncias psicoativas há 23 anos. Internada com dor abdominal, desnutrição grave (adequação de circunferência do braço: 67,5%), bicitopenia e hepatoesplenomegalia, na sua 6ª admissão em um ano. Expressou preocupação com medidas invasivas e prolongamento de sofrimento, mas optou por não fazer diretivas antecipadas de vontade. Na madrugada do 7º dia de internação (DI), evoluiu com rebaixamento de consciência, com pontuação na Escala de Coma de Glasgow em decaimento de 15 para 7 (abertura ocular: 1, resposta verbal: 2, resposta motora: 4) e pupilas midriáticas sem fotorreação. Apesar da intubação orotraqueal e ventilação mecânica, apresentou insuficiência respiratória aguda, hipossaturação e sinais de desconforto respiratório: taquidispneia, uso de musculatura acessória e hipersecretividade das vias aéreas. Pela doença avançada, imunodeficiência grave e vulnerabilidade social, não se beneficiaria de medidas invasivas para prolongar a vida. Foi proporcionado alívio sintomático e conforto, com óbito no 8º DI.

Discussão

O caso ilustra desafios no manejo de pacientes com SIDA avançada, coinfecções e má adesão ao tratamento. O uso prolongado de psicoativos e a vulnerabilidade social agravaram a condição clínica, limitando opções terapêuticas. Destaca-se a importância dos cuidados paliativos focados no conforto e alívio de sintomas.

Considerações finais

Pacientes com SIDA em quadros graves se beneficiam de abordagem paliativa, priorizando a qualidade de vida e alívio do sofrimento. É essencial um plano terapêutico que evite intervenções desnecessárias, respeitando os desejos e a dignidade do paciente até o fim da vida.

Referências:
1. DA COSTA PEREIRA, Jarson Pedro et al. Mid arm circumference as a predictor of the nutritional status and prognosis of patients with acquired human immunodeficiency syndrome. BRASPEN Journal, v.37, n.4, p.356-362, 2023.
2. TONETTO, Isabela Fernandes de Aguiar. O manejo de infecções nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte. 2023. Universidade de São Paulo.

Palavras Chave

Vulnerabilidade social; Pessoas transgênero Cuidados Paliativos HIV; doenças infectocontagiosas