Dados do Trabalho
Título
PERFIL SOCIODEMOGRAFICO, CLINICO E FUNCIONAL DE PACIENTES EM CUIDADO PALIATIVO ACOMPANHADOS PELA COMUNIDADE COMPASSIVA DAS FAVELAS DA ROCINHA E VIDIGAL
Introdução
Introdução: No cenário mundial, apenas 14% de pacientes que necessitam de cuidado paliativo o acessam devido a determinantes sociais e estruturais de saúde. Frente a sobrecarga mundial dos sistemas de saúde, foi idealizado um novo modelo de assistência e oferta de cuidado paliativo chamado Comunidades Compassivas. No ano 2019, foi implementada a primeira Comunidade Compassiva no Brasil, em meio ao cenário de sofrimento e vulneralbilidade existentes nas favelas da Rocinha e do Vidigal, na cidade do Rio de Janeiro.
Objetivo e Método
Objetivo: Avaliar o perfil sociodemográfico, clínico e funcional de pacientes em cuidado paliativo acompanhados pela Comunidade Compassiva das favelas da Rocinha e do Vidigal.
Métodos: Estudo transversal, aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa, envolvendo pacientes com diagnóstico de doenças ameaçadoras da vida, acompanhados pela Comunidade Compassiva das favelas da Rocinha e do Vidigal, do município do Rio de Janeiro, do período de 2021 a 2023. Dados sociodemográficos, clínicos e de funcionalidade foram extraídos de prontuários. Foram utilizados o teste qui-quadrado ou exato de Fisher, considerando o p-valor e o tamanho do efeito (TE); e análises de regressão logística, gerando o odds ratio (OR) e o intervalo de confiança (IC) de 95%.
Resultados
Resultados: Foram incluídos 68 pacientes (70,6% da Rocinha e 29,4% do Vidigal). A maioria possuía mais de 60 anos de idade (65,1%), sexo feminino (60,3%) e diagnóstico oncológico (54,4%). Além disso, os sinais e sintomas mais frequentes foram: dor (31%), queda de funcionalidade (20,7%) e astenia/fadiga (19%). Pacientes do sexo feminino (p-valor= 0,020; TE fraco= 0,283), com tratamento em curso (p-valor= 0,001; TE médio= 0,418), presença de dor (p-valor= 0,020; TE médio= 0,305) e astenia/fadiga (p-valor= 0,043; TE fraco= 0,192) tiveram maior frequência de diagnóstico de câncer. O modelo final confirmou que, ter diagnóstico de câncer foi associado ao sexo feminino (OR= 2,90; IC 95%= 1,43-6,80), a presença da dor (OR= 4,12; IC 95%= 1,05-14,21) e astenia/fadiga (OR= 7,89; IC 95%= 1,74-13,96).
Conclusão/Considerações finais
O perfil clínico e funcional dos pacientes avaliados foi semelhante ao revelado em pesquisas anteriores no cenário do cuidado paliativo. Apesar dessa similaridade, suas características sociodemográficas refletem que são vulnerados e, com isso, provavelmente possuem menor probabilidade de acesso ao cuidado paliativo.
Referências
SILVA , A. E.; PRATES , C. M.; COUTO , L. da S.; OLIVEIRA, L. C. Comunidade Compassiva das Favelas da Rocinha e Vidigal: Estratégia para Auxílio no Controle do Câncer. Revista Brasileira de Cancerologia, [S. l.], v. 70, n. 2, p. e–104714, 2024. DOI: 10.32635/2176-9745.RBC.2024v70n2.4714. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/4714
SILVA, A. et al. Cuidados paliativos em favelas no Brasil: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 10, n. 6, e55110616183, 2021.
CARMO, M. E. do; GUIZARDI, F. L. O conceito de vulnerabilidade e seus sentidos para as políticas públicas de saúde e assistência social. Cadernos de Saúde Pública, v. 34, n. 3, p. e00101417, 2018
BRASIL. Resolução nº 41 de 31 de outubro de 2018. Diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos cuidados continuados integrados, no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 225, 23 nov. 2018. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/gestao-do-sus/articulacao-interfederativa/cit/resolucoes/2018/17-0407m-rename-2018.pdf/view. Acesso em: 30 jun. 2023.
Palavras Chave
comunidade compassiva; Cuidado Paliativo
Área
Populações
Autores
LUCIANA DA SILVA COUTO, CINTIA MAIA PRATES, LIVIA COSTA DE OLIVEIRA, ALEXANDRE ERNESTO SILVA