Dados do Trabalho
Título
TRADUTOR, PORTA-VOZ E FILTRO: TIPOS DE MEDIAÇAO DO FAMILIAR NA RELAÇAO EQUIPE-PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS
Introdução
Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa de mestrado realizada com familiares de paciente oncológicos em cuidados paliativos. Neste contexto, o respeito a autonomia depende de uma comunicação individualizada e adequada a cada paciente. Ao se considerar o papel central que a família possui na realidade brasileira, ganha relevância compreender como esta pode interferir na comunicação equipe-paciente.
Objetivo e Método
Objetivou-se compreender como a família participa da comunicação entre equipe e paciente. Utilizou-se método qualitativo, com realização de observações e entrevistas semi-dirigidas com familiares de pacientes conscientes e orientados de Serviço de Terapia da Dor e Cuidados Paliativos de instituição de tratamento oncológico. Os dados foram descritos e interpretados de acordo com o processamento simbólico. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa com parecer 1.791.250.
Resultados
O grupo de 11 entrevistados foi composto por filho(a)s do paciente acompanhado, com exceção de uma participante – amiga da paciente. Identificou-se participação dos familiares através de três formas de mediação da comunicação equipe-paciente: tradutor, porta-voz e filtro. Nas mediações do tipo tradutor e porta-voz cuidadores potencializaram partilhas entre os sujeitos adoecidos e a equipe. No primeiro tipo o familiar explica aos profissionais expressões utilizadas pelo paciente ou ao paciente termos técnicos utilizados pelos profissionais. No segundo, o familiar expressa dúvidas e desejos do paciente ou relata sintomas que não foram expressos durante a consulta por motivos diversos. Nas mediações do tipo filtro, entretanto, familiares determinaram quais informações foram trocadas entre equipe e paciente, com comprometimento para a autonomia e capacidade de decisão do último. Adicionalmente, a atuação como filtro gerou, em alguns casos, sobrecarga emocional para o familiar por centralizar nele responsabilidades em relação à condução da comunicação.
Conclusão/Considerações finais
A família demonstrou forte participação na qualidade de mediadora da comunicação equipe-paciente, sendo identificáveis desdobramentos positivos e negativos desta participação. Recomenda-se, assim, que a participação de familiares no processo de comunicação possa ser aproveitada durante as consultas, quando em acordo com a aceitação do paciente, mas sem desviar o foco do paciente e sem que sejam transferidas a eles responsabilidades dos profissionais.
Palavras Chave
Cuidador Familiar; comunicação em saúde; Família
Área
Outras áreas
Instituições
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR) - Ceará - Brasil, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - São Paulo - Brasil
Autores
REBECCA HOLANDA ARRAIS, ELISA MARIA PARAHYBA CAMPOS