1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

PARALISIA PERIODICA HIPOCALEMICA SECUNDARIA A CRISE TIREOTOXICA: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 27 anos, agricultor, admitido em janeiro de 2023, pela segunda vez em hospital, com queixa de fraqueza e dormência muscular há um mês. O quadro iniciou em dezembro, com perda de função de membros inferiores de modo súbito após alimentação excessiva e trabalho extenuante, a intensidade da fraqueza foi aumentando, até tetraplegia, quando procurou auxílio médico pela primeira vez, e observando-se hipocalemia (2,7 mEq/L), fez-se reposição de potássio e após melhora dos sintomas, recebeu alta. Depois retornou a evoluir com parestesia e diminuição de força em membros inferiores, com novo internamento. Negou traumas, infecções, contatos com defensivos agrícolas há 7 meses, cãibras e vômitos. Usava dipirona apenas esporadicamente para cefaleia. Referia familiar com agenesia renal unilateral. Notou-se que a fraqueza oscilava ao longo do dia e que se relacionava com ingesta de carboidratos, fadiga muscular e estresse. Exame de ultrassonografia de abdome total sem alterações. Propedêutica laboratorial evidenciou TSH 0,05 mU/ml e T4 livre 3,02, revelando hipertireoidismo primário. Foi tratado inicialmente com reposição de potássio, além de tiamazol para controle de doença de base. Não demonstrou nenhum episódio de paralisia nos meses seguintes, indicando o diagnóstico de paralisia periódica hipocalêmica tireotóxica (PPHT).

Discussão

A PPHT é uma doença rara que afeta o sistema neuromuscular devido ao excesso de hormônio tireoidiano, e predomina em indivíduos de origem asiática. Isso altera os canais iônicos das fibras musculares, causando hipocalemia temporária e fraqueza generalizada, que pode ser de leve intensidade a tetraplegia. Além disso, afeta principalmente a musculatura proximal e membros inferiores, com menor incidência na musculatura distal e membros superiores. Sintomas prodrômicos, como cãibras, são raros. Fatores desencadeantes incluem dieta rica em carboidratos e exercícios físicos intensos seguidos de repouso prolongado. O diagnóstico mais comum da elevação de T4 e hipocalemia é a doença de Graves. O tratamento consiste em atingir o eutireoidismo, que pode ser com drogas antitireoidianas; e repor rapidamente o potássio durante crises agudas, com monitorização frequente dos níveis para evitar hipercalemia rebote.

Comentários Finais

Destaca-se a importância de médicos estarem cientes dessa condição em casos de emergência, especialmente em uma população miscigenada como a brasileira, pois quando diagnosticada e tratada corretamente, a PPHT tem excelente prognóstico.

Área

Nefrologia Clínica

Instituições

UFERSA - Universidade Federal Rural do Semi-Árido - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

Larissa Denise Oliveira Dantas, Marcos Paulo Silva Fernandes, Manoel Batista Souza Neto, Hévila Suelen Neri de Lima, Thomas Gabriel de Lima Bezerra, Aline Maria Cavalcante