1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

NEFROPATIA POR IGA APOS TRANSPLANTE RENAL, UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente, sexo masculino, 56 anos e hipertenso controlado, foi diagnosticado com Nefroesclerose Hipertensiva e encaminhado para diálise por 10 anos. Em 2009, foi realizado transplante renal (doadora familiar) com função imediata do enxerto associada à imunossupressão com tacrolimo e micofenolato de sódio. Em seguida, o paciente foi acompanhado por um nefrologista com sumário de urina sem alterações até março de 2023, quando foi admitido em hospital terciário com queixa de “urina espumosa” com posterior biópsia renal justificada por proteinúria de evolução rápida (de 0.6g para 1.9g,seguido de 2.2g). O exame de biópsia constatou proliferação endocapilar em 3 glomérulos, proliferação mesangial em mais de 50% da amostra e presença de 1 glomérulo com crescente celular, enquanto a imunofluorescência foi positiva para IgA(3+/4+), C3C(3+/4+). Assim, constatou-se o diagnóstico de Nefropatia por IgA pelos critérios de Oxford (M–1,E–1,S–0,T–1).

Discussão

A Nefropatia por IgA (NIgA) é uma das principais causas de glomerulopatias pós-transplante renal, com aumento da incidência proporcional ao tempo pós-transplante. Ademais, a recorrência histológica com ou sem evidência clínica (hematúria, proteinúria ou disfunção renal progressiva) pode ocorrer. Entre os fatores de risco, estão o transplante renal de doador parente, os alelos específicos do antígeno leucocitário humano (HLA), a idade do receptor, a boa correspondência de HLA entre o doador e o receptor, e a supressão de glicocorticoides. O diagnóstico é confirmado por biópsia renal e não há terapia preventiva conhecida. O tratamento se baseia no uso de inibidores da ECA (iECA) ou Bloqueadores dos Receptores de Angiotensina (BRA) nos pacientes com NIgA recorrente ou hipertensos, associada à imunossupressão em casos específicos, como a recorrência comprovada por biópsia e o aumento rápido da creatinina sérica ou proteinúria nefrótica, apesar do uso de iECA ou BRA. Nesses casos, pode-se administrar glicocorticoide em altas doses por dois meses e, caso ocorra falha terapêutica, pode-se usar a ciclofosfamida oral ou IV, com descontinuação do antimetabólito (normalmente, o micofenolato ou a azatioprina).

Comentários Finais

A NIgA é uma das principais causas de glomerulopatias pós-transplante renal, cuja incidência deve ser mais bem compreendida, visto que não há uma conduta unificada e existe ausência dos protocolos atuais de tratamento, apesar do crescente número de transplantados renais no Brasil. Assim, estudos de maior impacto devem ser realizados

Área

Transplante

Instituições

Hospital Geral de Fortaleza - Ceará - Brasil

Autores

Cezar Robert da Silva Araujo, Sara dos Santos Martins, Joao Paulo Carvalho Vasconcelos, Davi Jose Barros de Vasconcelos, Mara Lyvia Rarunna Muniz Moreira, Lais Maria Frota Silva