1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

DESAFIOS DA DIALISE EM IDOSO: RELATO DE CASO.

Apresentação do Caso

Idosa, casada, baixa escolaridade, hipertensa, diabética e
dislipidêmica. Evoluiu com doença renal crônica, permaneceu em tratamento conservador por
18 meses, iniciou hemodiálise ambulatorial aos 88 anos. Devido a impossibilidade de
confecção de fístula, segundo vascular, e infecção de corrente sanguínea associada ao cateter
migrou para diálise peritoneal (DP) após 8 meses. Aos 97 anos, tem limitação para deambular
por artrose, é dependente para realizar as atividades diárias e ao iniciar a diálise apresentou
quadro depressivo. Faz CAPD, dias alternados, bolsas de 1,5% de glicose e volume de infusão
de 1,5 litros ajustado para qualidade de vida. Tem diurese de 1,2 litros, Kt/V 1,7, exames e
peso controlados, sem peritonite. Faz uso de losartana, furosemida, bisoprolol e insulina.

Discussão

A maior taxa de sobrevida relaciona-se a maior incidência de idosos em terapia
renal substitutiva (TRS). Há uma discussão em torno de quando indicar TRS, melhor
modalidade e quais fatores individuais poderiam contribuir para a manutenção do tratamento
conservador. A idade cronológica não deve ser critério de seleção, o envelhecimento é um
processo heterogêneo. Deve levar em consideração a expectativa de vida, o impacto da diálise
e da própria comorbidade na qualidade de vida. Van Loon et al. evidenciou que a dependência
funcional com base nas atividades da vida diária, status de desempenho ou mobilidade foram
relacionadas à maior mortalidade em idosos dialíticos. Em nefrologia, falta uma abordagem
sistemática direcionada a pacientes frágeis. Muitos idosos optam pela diálise peritoneal a
hemodiálise pela vantagem do tratamento domiciliar. Jeloka et al. não encontrou diferença na
sobrevida entre as modalidades. Song et al. relatou maior sobrevida, livre de peritonite, em
idosos com mais de 70 anos fazendo DP com auxilio em comparação com DP feita pelo próprio
paciente. Em estudo retrospectivo com idosos renais crônicos, foi demonstrado que aqueles
que iniciaram precocemente a DP (menos que 3 meses até a primeira consulta) tiveram menor
mortalidade em relação ao encaminhamento tardio.

Comentários Finais

A avaliação geriátrica ampla aplicada no campo da nefrologia é um instrumento importante na
identificação de idosos mais vulneráveis, para decisão de início e manutenção da TRS, levando
em consideração também o entendimento do paciente e da família quanto ao método
escolhido para melhor qualidade de vida e sobrevida, exemplificado no caso apresentado.

Área

Diálise

Instituições

Diaverum - Sergipe - Brasil

Autores

SUSAN SOARES DE CARVALHO, ALINE MARIA FATEL DA SILVA PIRES, VERA NASCIMENTO GOMES VICTORIA