Dados do Trabalho
Título
Glomerulonefrite Proliferativa Full-House Não-lúpica: um relato de caso
Apresentação do Caso
Homem, 27 anos, foi encaminhado à Nefrologia para investigação de hematúria microscópica, após acompanhamento por não-especialista por um período de 4 meses. Na consulta foi constatada uma elevação da sua pressão arterial e alteração na função renal, com persistência da hematúria no exame de urina e elevação da creatinina (2,77 mg/dL). Vinha em tratamento com Enalapril, Nebivolol, Empaglifozina e Rosuvastatina. Em internação hospitalar, a investigação diagnóstica apresentou FAN, ANCA (p e c) negativos, complementos normais, além dos exames negativos para infecções virais crônicas e sífilis. Sua pressão arterial era de 130 x 70 mmHg. O paciente foi diagnosticado com Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva, e tratado com corticóides e ciclofosfamida. Nesse momento, sua relação proteína/creatinina na urina 3,75, o exame de urina mantinha hematúria e proteinúria e a creatinina sérica era de 4,0 mg/dL. Submetido a biópsia renal, foi evidenciado o padrão de Glomerulonefrite proliferativa difusa classe IV para Nefrite Lúpica, a despeito da ausência de exames e manifestações extrarrenais do lúpus eritematoso sistêmico (LES). Recebeu alta médica ainda em diálise e, no quarto pulso mensal do esquema clássico de ciclofosfamida, mantinha a necessidade dialítica.
Discussão
O LES é uma doença crônica, autoimune e inflamatória que pode afetar diversos órgãos sendo comum o acometimento renal. Pelos critérios do EULAR (2019), o diagnóstico de LES requer a positividade do FAN. O padrão clássico evidenciado na Nefrite Lúpica, com positividade de imunoglobulinas (IgG, IgA, IgM) e complementos (C3 e C1q), é denominado “padrão full-house”. Quando esse padrão é identificado, mas o paciente não evidencia manifestações extra-renais do LES e o FAN negativo, o quadro clínico vem sendo denominado de Glomerulonefrite Full-House Não-Lúpica.
Comentários Finais
Este relato descreve um quadro de apresentação clínica pouco descrito na literatura, em que não se sabe se ocorre uma manifestação inicial do LES, ou se casos como o apresentado se relacionam com uma nova condição mórbida fora do contexto do LES. São necessários mais estudos, a fim de elucidar suas implicações prognósticas e terapêuticas, ressaltando a importância de relatos de casos, como os do apresentado.
Área
Doenças Glomerulares
Instituições
UFRN - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
Caio de Oliveira Rabelo, Daiane de França Falcão Leal, Rallyne Kiara Agra Morais, Rafaela Menezes Souza Pessoa, Kessia Larissa de Medeiros Quirino, Felipe Leite Guedes