1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

NEFRITE TUBULO-INTERSTICIAL SECUNDARIA A HANSENIASE - RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente, masculino, de 54 anos, previamente hígido, foi admitido em um hospital terciário da região norte em Setembro de 2019 com quadro de aproximadamente 4 meses de evolução, apresentando edema progressivo, simétrico, indolor e de consistência mole em membros inferiores, bem como relato de exantema macular em extremidades e face há 2 anos, havendo aumento progressivo das lesões, além do surgimento de algumas lesões nodulares dolorosas associado ao aparecimento do edema. Na análise laboratorial, este apresentava um quadro de hematúria e proteinúria subnefrótica. Cerca de 3 dias antes de sua admissão, apresentou exacerbação dos sintomas, associados a linfonodomegalia, aumento da hematúria, disúria, oligúria e dor em flancos bilateralmente. Ao exame físico, a ausculta pulmonar revelou diminuição do murmúrio vesicular em base direita e estertores crepitantes basais bilateralmente, bem como fígado palpável a 3cm do rebordo costal, extremidades inferiores com edema simétrico, cacifo positivo e edema de região escrotal. Os exames complementares evidenciaram resultados compatíveis com injúria renal aguda de provável etiologia glomerular, perfil de autoimunidade, com demais exames normais. Ao ser avaliado pelo serviço de nefrologia, foi indicada Terapia Renal Substitutiva de Urgência, realizando-se baciloscopia e biópsia das lesões, as quais foram compatíveis com Eritema Nodoso Hansênico, sendo iniciado tratamento com Dapsona+Clofazimina+Rifampicina e Prednisona 1mg/kg. Dez dias após início do tratamento da Hanseníase e cinco dias após pulsoterapia com corticoide, o paciente evoluiu com recuperação gradual da função renal, sem necessidade de novas hemodiálises.

Discussão

A nefrite intersticial apresenta-se como uma lesão que provoca queda da função renal, sendo caracterizada pela presença de infiltrado inflamatório no interstício renal. A nefrite intersticial aguda pode ocorrer por mecanismo imunológico, inclusive com produção de anticorpos contra as drogas. Constata-se que pacientes com hanseníase multibacilares são anérgicos, o que acarreta com mais frequência a lesão renal. Os imunocomplexos são produtos da micobactéria, mais evidentes na reação inflamatória aguda hansênica.

Comentários Finais

O caso relatado traz à luz o desdobramento de uma doença ainda prevalente em nosso meio. Tal situação evidencia a multiplicidade de comprometimentos renais secundários aos casos de Hanseníase, os quais podem compreender desde o paciente totalmente assintomático até o paciente com síndrome nefrótica.

Área

Injúria Renal Aguda

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Sobral - Ceará - Brasil, Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Raimundo Fabrício Paiva Pinto, Luis Javier Sanguino Acosta, Cristiano Araújo Costa , Lívia Vitória Albuquerque Domingos, Ana Carollyne Pontes Ribeiro Costa, Maria Clara Moreira Santiago