1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

NEFRITE LUPICA COM EVOLUÇAO PARA DOENÇA RENAL CRONICA DESCRITA EM UM PACIENTE DO SEXO MASCULINO: UM RELATO DE CASO.

Apresentação do Caso

Paciente do sexo masculino, 28 anos, previamente hígido, buscou assistência médica, devido ao início de um edema bilateral infrapatelar com cacifo associado a quadro de cefaleia e de vômito. Nessa situação, o paciente foi admitido em fevereiro de 2023 com exames laboratoriais apontando retenção de escórias nitrogenadas e anemia grave. Primeiramente, foi instaurada a suspeita de Síndrome Nefrítica, que foi descartada após a proteinúria de 24 horas apontar para um perfil nefrótico. Diante disso, o paciente foi avaliado pelo serviço de nefrologia, sendo recomendada terapia dialítica e controle da hemoglobina para realização da biópsia. Durante o exame físico, foram observadas linfonodomegalia, edema (3+/4+), e crepitações em bases pulmonares. Com a mudança do perfil sindrômico do paciente, as investigações diagnósticas foram direcionadas para a possibilidade de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). A realização da biópsia foi condizente com glomerulonefrite membranoproliferativa em evolução para glomerulonefrite crônica, com esclerose de 9 glomérulos em um campo de 13 e com imunofluorescência denotando deposição de IgG, sem reatividade para o sistema complemento. O diagnóstico foi fechado para LES após resultados indicarem Fator Antinúcleo 1/640 e C3 e C4 reduzidas. Assim, iniciou-se a terapêutica com Metilprednisolona e com Ciclofosfamida. Em Março, o paciente evoluiu com piora do quadro clínico e não responsividade terapêutica. Ademais, foi observado declínio da função renal e quadro de Doença Renal Crônica.

Discussão

O LES é uma doença autoimune caracterizada pela deposição de imunocomplexos nos tecidos. Tal doença afeta majoritariamente o sexo feminino em uma proporção mulheres/homens que varia de acordo com a idade; 3:1 antes da puberdade e 10:1 a 15:1 na fase adulta. Uma de suas principais expressões clínicas é a nefrite, um preditor de péssimo prognóstico. No que tange às particularidades dessa expressão , o resultado da biópsia renal não conseguiu classificar a glomerulonefrite existente, a qual foi preconizada como uma transição entre a classe V e a VI, sendo a primeira encontrada apenas em 20% dos pacientes.

Comentários Finais

O caso relatado traz à luz o desdobramento de uma doença ainda prevalente em nosso meio, mas que enfrenta entraves pelo processo diagnóstico ser condicionado ao sexo feminino devido a disparidade da prevalência entre os sexos. Por fim, a rápida progressão do paciente coloca em questão a importância de se estar atento à multiplicidade de manifestações do LES.

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Maria Clara Moreira Santiago, Carina Maria Rabelo de Almeida Maia, Cristiano Araújo Costa, Sarah Suellen Sena da Silva Siqueira, João Gabriel Marques Brayner, Pedro Augusto Paiva Mesquita