1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

CONSTRUÇAO E APLICAÇAO DE UM BUNDLE PARA MANEJO DA IRA EM UTI: O QUE FAZER QUANDO O SINAL DE ALERTA ˜LIGA˜?

Introdução

A Injúria Renal Aguda (IRA) é uma ocorrência que se desenvolve em cerca de 50% dos pacientes críticos em algum momento durante uma internação em Terapia Intensiva. Há uma dificuldade em seu reconhecimento clínico e a creatinina sérica é um marcador tardio que só aumenta com presença de lesão significativa, gerando atraso nas condutas. Diante disso, determinar o risco de um paciente desenvolver IRA ou progredir em seu estágio é um passo importante para o prognóstico e implementação precoce de medidas preventivas e manejo oportuno. Os “bundles” ou “pacotes de medidas” estão sendo implementados nas instituições hospitalares de forma crescente como tentativa de sanar esse problema, apresentando resultados promissores com melhora dos desfechos clínicos.

Objetivos do projeto

Construir e aplicar um pacote de medidas preventivas que visam reduzir a progressão da IRA em uma UTI.

Metodologia utlizada

Trata-se de um relato de experiência acerca da construção e aplicação de um pacote de medidas para manejo da IRA na UTI de um hospital geral em Natal/RN, entre o período de outubro a dezembro de 2022. O bundle consiste em 12 critérios pautados nas orientações do KDIGO (2012) e revisão de literatura dos últimos 5 anos. Após reuniões com a equipe de nefrologistas e intensivistas do hospital, os parâmetros foram adaptados à realidade do serviço local e aplicados pelos membros do projeto sob a supervisão do diarista da UTI.

Resultados alcançados

O pacote foi aplicado em 23 portadores de IRA segundo os critérios diagnósticos do KDIGO 2012, mas que não eram portadores de Doença Renal Crônica dialítica e não iniciaram hemodiálise nas primeiras 24h de admissão em UTI. Pelo menos sete medidas (35%) do bundle foram realizadas por todos os plantonistas do setor. As medidas mais aceitas e efetuadas compreenderam a suspensão dos IECA, BRA e/ou inibidores do cotransportador de sódio-glicose-2 (iSGLT2) (100%), a manutenção da glicemia entre 140-180 mg/dl (93,3%) e da pressão arterial média (PAM) maior que 65 mmHg (91%). Os parâmetros com menores taxas de adesão consistiram na substituição de nefrotóxicos (25%), o uso restrito de diuréticos (50%) e o ajuste da dose de antibióticos (72,7%). A justificativa para empregar os diuréticos foi a realização de prova diurética (11,1%) e quadros de hipervolemia (38,9%). Por fim, o parecer imediato da nefrologia foi solicitado em apenas duas ocasiões (8,6%).

Comentários finais / conclusões

A sistematização baseada em evidência do manejo ao paciente crítico com IRA torna o bundle uma estratégia de fácil aplicabilidade, com boa aceitação pela equipe médica e redução da necessidade de parecer especializado. Ademais, se faz necessário seu uso multicêntrico em UTIs e a quantificação dos seus devidos desfechos (alta, Terapia Renal Substitutiva ou óbito) para poder compará-lo com dados históricas de cada centro e avaliar a sua eficácia em impedir a progressão da IRA e diminuir o número de hemodiálises de urgência. Por fim, a elaboração desse projeto e a oportunidade de apresentá-lo e discuti-lo com cada diarista da UTI, reforça a atuação do estudante como promotor da Educação Continuada em Saúde.

Palavras Chave

Injúria Renal Aguda; Cuidados críticos; Educação em Saúde;

Área

Injúria Renal Aguda

Instituições

Universidade Potiguar - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

Natália Carolina Medeiros do Nascimento Rodrigues , Ellen de Fátima Lima Vasconcelos , Ítalo Barros Miranda , Luiz Eduardo Matoso Freire, Maria Beatriz Pedroza de Azevedo, Beatriz Palacio Andrade, Felipe Leite Guedes