1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

SINDROME DE COMPRESSAO MEDULAR POR TUMOR MARROM RELACIONADO AO HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDARIO GRAVE: RELATO DE CASO EM PACIENTE JOVEM

Apresentação do Caso

TAGS, feminino, 28 anos, doente renal crônica (DRC) de causa indeterminada, em hemodiálise intermitente há 9 anos, com relato de faltas recorrentes à terapia. Possui hiperparatireoidismo (HPT) secundário em tratamento medicamentoso irregular com cinacalcete, sevelâmer e relato de uso prévio do paricalcitol (suspenso por hiperfosfatemia). Encaminhada ao pronto-socorro em março/2023 para avaliação da Neurocirurgia devido dorsalgia crônica há cerca de 1 ano, com piora nas últimas 2 semanas, associado a paraparesia, sem trauma prévio. Tomografia de coluna evidenciou aspectos sugestivos de “Coluna em Rugger-Jersey”, lesão expansiva sugestiva de tumor marrom em T5 com sinais de estenose do canal e fratura/colapso da vértebra. Ressonância magnética confirmou achados. Em investigação laboratorial: PTH 2.990 (ref:15,0-68,3 pg/mL); FA 432; 25-OH-vitD 31,2; Ca total 9,3; P 3,9. Ultrassonografia cervical mostrou aumento acentuado da paratireoide superior direita sugestivo de adenoma, e cintilografia de paratireoides confirmou achados de glândulas hiperfuncionantes. Indicada abordagem da lesão devido fratura patológica instável e sinais clínicos/radiológicos de compressão medular, cujo anatomopatológico confirmou proliferação fibrosa e presença de inúmeras células gigantes multinucleadas osteoclasto-like. No momento, a paciente está em programação de paratireoidectomia total com auto-implante.

Discussão

Tumores marrons são lesões osteoclásticas benignas associadas ao hiperparatireoidismo grave, mais comumente de etiologia primária, podendo ocorrer em HPT secundário não devidamente tratado. São mais comuns em pelve, costelas, ossos longos, clavícula e mandíbula. Podem ser confundidos com metástases quando se apresentam em aspecto de lesões osteolíticas fundidas como no caso relatado, sendo primordial a confirmação histológica, uma vez que é completamente reversível com tratamento adequado do hiperparatireoidismo. É uma complicação rara, e sua localização na topografia de coluna é mais rara ainda. Quando complicada com compressão medular pode demandar abordagem cirúrgica de emergência para estabilização e preservação da função neurológica. Nestes casos, o tratamento do hiperparatireoidismo também deve ser cirúrgico.

Comentários Finais

O tumor marrom é uma complicação grave e rara do hiperparatireoidismo não devidamente tratado e deve ser considerado na investigação diagnóstica de lesões osteolíticas na coluna, principalmente na população com DRC que possui maior incidência de hiperparatireoidismo secundário.

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

Faculdade Santa Marcelina - São Paulo - Brasil, Hospital Santa Marcelina - São Paulo - Brasil

Autores

Gabriela Yale Lima Oliveira, Lucas Medeiros Araújo, Carolina Cadinelli Vieira, Lais Modesto Lima, Auro Claudino Buffani, Fabiana Rodrigues Hernandes