Dados do Trabalho

Título

CARCINOMA DE CELULAS CLARAS EM RIM NATIVO DE PACIENTE TRANSPLANTADO: UM RELATO DE CASO.

Apresentação do Caso

Após um período de aumento da incidência total de câncer renal, houve uma tendência à sua estabilização e possível diminuição. O carcinoma de células claras representa a maioria dos casos de carcinoma de células renais. No presente trabalho relatamos um caso de um paciente masculino de 67 anos que foi submetido, em novembro de 2022, a um transplante renal de doador falecido, após histórico de nefrectomia à esquerda em 2017 por carcinoma de células claras, em hemodiálise desde 2005, anúrico desde então, presença de múltiplos cistos em rim direito Bosniak 1 e 2, tumor carcinóide de apêndice em 2017 e lesão nodular lobulada junto à musculatura retoabdominal à direita, com biópsia negativa para neoplasia ou malignidade em outubro de 2021. A terapia de imunossupressão foi realizada utilizando indução com Thymoglobulina e manutenção com associação de Tacrolimus e Sirolimus. No período pós-operatório, o paciente fez uso de tazocin e fluconazol em decorrência de infecção do doador. Ele também apresentou queda lenta da creatinina e diurese de 315 mL nas primeiras 24 horas. Dois dias após o transplante, a ultrassonografia demonstrou ausência de coleções próximas ao enxerto, ao repetir o exame em janeiro de 2023 foi observado uma imagem anecoica de aspecto sacular sugestiva de pseudoaneurisma de anastomose de artéria renal. A fim de avaliar o pseudoaneurisma, foi realizada uma TC de abdome e pelve que demonstrou nódulos vascularizados em loja renal esquerda, em espaço paracólico esquerdo e em região anexial esquerda, medindo, respectivamente, 1,2 cm, 1,8 cm e 1,4 cm, a biópsia dos nódulos, concluiu que se tratava de infiltração peritoneal por carcinoma de células claras.

Discussão

O risco de desenvolvimento de neoplasias malignas é de 15 vezes maior nos transplantados do que na população em geral. Além disso, sabe-se que o risco de aparecimento de cânceres é aumentado em indivíduos com doença cística renal e com um longo tempo de diálise. Conclui-se que ambos os fatores de risco supracitados foram encontrados no paciente, confirmando que uma interação entre tais fatores leva a um estímulo antigênico crônico de um sistema imune deprimido. Por causa da imunossupressão os tumores malignos tendem a ser mais agressivos nestes pacientes.

Comentários Finais

O paciente optou por interromper a imunossupressão e realizar terapia antineoplásica, que ainda não foi iniciada, pois está em andamento judicial para conseguir a medicação antineoplásica: sunitinibe ou pazopanibe.