Dados do Trabalho
Título
ACIDOSE TUBULAR RENAL TIPO 1 SECUNDARIA A REJEIÇAO CRONICA DE TRANSPLANTE RENAL: UM RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Paciente masculino, 52 anos, portador de doença renal crônica, transplantado renal (2010) após 5 anos em hemodiálise, deu entrada no serviço por pielonefrite aguda, além de uretero-hidronefrose moderada bilateral. Comorbidades e antecedentes: hipertensão arterial sistêmica, acidente vascular encefálico hemorrágico e infarto do miocárdio prévios; diabetes mellitus pós-transplante, dislipidemia mista e hiperplasia prostática benigna. Na internação, recebeu ciprofloxacino (1g/dia), mas evoluiu com piora da função renal (Cr basal de 2,5 mg/dL para 4,8 mg/dL), de causa pós-renal, sendo submetido a ressecção transuretral da próstata, com melhora subsequente. Apresentou hipocalemia severa (1,9 mEq/L), hipomagnesemia (1,2 mg/dL) e hiperuricemia (9,5 mg/dL), com relação proteína/creatinina de 7,37 e piora da função renal (Cr de 4,8 mg/dL para 6,4 mg/dL). Diante disso, iniciou-se investigação laboratorial: cálcio sérico = 7,8 mg/dL; calciúria = 168 mg/24h; potássio urinário = 29,9 mg/24h, sódio urinário = 25 mEq/L, magnésio urinário = 96,8 mg/dL. Na gasometria venosa, os seguintes valores foram obtidos: pH = 7,37; pO2 = 135,9; pCO2 = 37,5; HCO3- = 21,2; SatO2 = 98,5; Lactato = 18,4; BE = -3,7; CaI = 1,1. O distúrbio foi associado à acidose tubular renal tipo 1, sendo feita reposição de eletrólitos. Vinha em uso de prednisona, micofenolato sódico, tacrolimus (1mg, 12/12h), tansulosina, dutasterida, AAS, sinvastatina, losartana, atenolol, insulina NPH e eritropoetina. Após melhora clínica, prosseguiu com acompanhamento ambulatorial.
Discussão
A acidose tubular renal (ATR) compreende um grupo de disfunções de transportadores e canais no sistema tubular do rim e o tipo 1 (distal) associado ao transplante é uma forma rara e tardia. Suspeita-se que esteja ligada a danos intersticiais causados por rejeição crônica ou devido ao uso prolongado de inibidores de calcineurina. A ATR tipo 1 é uma tubulopatia que induz disfunção na secreção de hidrogênio no túbulo distal, o bicarbonato é baixo e pode ocorrer hipocalemia, hipercalciúria e redução da secreção de citrato.
Comentários Finais
O caso relatado mostra vários os fatores contribuintes, sendo atribuível sua manifestação a rejeição crônica do enxerto, ao uso do tacrolimus e à possibilidade de não adesão à dieta prescrita. A detecção precoce e a correção de ATRd acompanhada de hipocalemia grave podem atenuar a progressão de distúrbios ósseos e disfunção do enxerto em pacientes transplantados renais.
Área
Transplante
Instituições
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
Larissa Araújo Lucena, Gabriela Bezerra Silva Dantas, Thalia Giesta Costa, Pedro Saraiva Ramos, Luís Augusto Oliveira Santos, Felipe Leite Guedes