1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

INFECÇAO POR VIRUS BK EM UM PACIENTE COM TRANSPLANTE RENAL: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente, masculino, de 67 anos, portador de HAS e da Síndrome de Alport, CMV IgG positivo, com histórico de transplante renal prévio em rim direito, recebeu enxerto de um doador cadáver, para rim esquerdo, em 2022. O receptor não possuía anticorpo doador específico. O tempo de isquemia fria foi de 17 horas e 31 minutos. A indução foi feita com Thymoglobuline e a manutenção, com micofenolato e tacrolimus. No pós-operatório, paciente evoluiu com edema agudo de pulmão e parada cardiorrespiratória e precisou realizar hemodiálise.
Em dezembro do mesmo ano, foi realizada biópsia do enxerto, a qual sugeriu rejeição mediada por células T e diagnóstico diferencial com infecção por poliomavírus. Em janeiro de 2023, o paciente apresentou-se com creatinina sérica de 2,4 mg, Clearance de Creatinina 33%, proteinúria 24h de 74 mg, dor em região lombar e edema de membros inferiores. Foi iniciado imunoglobulina. Reduziu-se as doses de micofenolato e solicitou-se PCR para vírus BK que confirmou a infecção. Em março, apresentou-se com tosse produtiva, sem febre. No mesmo mês, a creatinina sérica aumentou de 2,2 para 5,6 mg/dL.

Discussão

O vírus BK possui prevalência maior que 90% na população. A transmissão acontece via contato com as mucosas. A primoinfecção ocorre usualmente na infância, e o vírus permanece latente no epitélio parietal da cápsula de Bowman. No transplantado renal, a infecção por vírus BK reativa geralmente no primeiro ano após o transplante, devido ao quadro imunossupressor. A replicação viral possui efeito citopático, causando inflamação e culminando em fibrose intersticial, atrofia tubular e perda de néfrons. Na maioria dos pacientes, a infecção por vírus BK não acarreta sintomas sistêmicos, caracterizando um diagnóstico mais laboratorial e histopatológico, o que requer um alto nível de suspeição, já que há perda de função renal com a piora progressiva da viremia. O tratamento consiste em reduzir os imunossupressores, sendo também uma opção a administração de Imunoglobulina. Consequentemente, a redução da imunossupressão pode favorecer a rejeição do enxerto.

Comentários Finais

Diante de um paciente com enxerto renal, é importante lembrar do vírus BK como causa de perda de função renal e como diagnóstico diferencial da rejeição mediada por células T, já que ambos expressam grupos de RNAs mensageiros em comum. Além disso, o manejo dos imunossupressores é crítico para o tratamento da infecção por vírus BK e para a manutenção do enxerto.

Área

Transplante

Instituições

Universidade Estadual do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Sara Lívia Martins Teixeira, Humberto Lucca Andrade Moreira, Italo Michiles Santos Ramos, Raimundo Messias De Araújo Filho, Paula Frassinetti Castelo Branco Camurça Fernandes