1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

TUMOR MARROM EM QUADRIL POR HIPERPARATIREOIDISMO GRAVE SECUNDARIO A DOENÇA RENAL CRONICA TERMINAL: RELATO DE CASO EM PACIENTE NAO DIALITICA

Apresentação do Caso

MRS, feminino, 25 anos, sem comorbidades, buscou atendimento no pronto-socorro em março/2023 por astenia há 5 meses, evoluindo nos últimos 3 com edemas e dificuldade para deambular devido dor óssea em quadril direito. Anúria há 2 dias, e náuseas e vômitos incoercíveis na ocasião. Laboratorial inicial com disfunção renal, anemia e hiperparatireoidismo graves, hipocalcemia e hipovitaminose D (Hb 6,7; Ur 127; Cr 8,69; Caion 0,98; 25-OH-vitD 26; P 3,2; FA 790, PTH intacto 2.310 - ref:15,0-68,3 pg/mL). Ultrassonografia mostrou sinais de doença renal crônica (DRC) e tomografia do quadril evidenciou lesões líticas de aspecto insuflado acometendo sacro e bacia. Na cintilografia de paratireoides tinha baixa probabilidade de tecido hiperfuncionante. Procedido com realização de biópsia do osso ilíaco direito que confirmou achados compatíveis com osteíte fibrosa (remodelação óssea moderada, fibrose paratrabecular, agrupamento de células gigantes multinucleadas osteclasto-like). Após início de hemodiálise intermitente (12 horas/semana), reposição de cálcio e colecalciferol via oral, com posterior início de paricalcitol, a paciente evoluiu com melhora progressiva do PTH (atualmente 790 pg/mL) e da dor óssea, mantendo adequado balanço nitrogenado e do metabolismo ósseo.

Discussão

Tumores marrons são lesões ósseas benignas caracterizadas pela hiperatividade dos osteoclastos e proliferação de fibroblastos, encontrados em pacientes com hiperparatireoidismo grave. São raros e podem ser confundidos com neoplasias esqueléticas, sendo mais comuns em pelve, costelas, ossos longos, clavícula e mandíbula. A grande maioria das lesões associadas ao HPT secundário descritas foram em pacientes já em tratamento dialítico. Este caso chamou atenção devido ao diagnóstico das lesões e do HPT ter ocorrido antes do início da diálise, além de estarmos diante de uma condição que está respondendo ao tratamento clínico. O tratamento do HPT leva a acentuada melhoria das referidas manifestações ósseas, muitas vezes, com regressão completa.

Comentários Finais

A hiperplasia de paratireoides é comum no DRC devido HPT secundário não controlado. Já a ocorrência do tumor marrom é rara, principalmente em não dialíticos, reiterando a evolução atípica deste caso em relação aos previamente descritos em literatura. Devido sua natureza reversível, a excisão do tumor marrom não é recomendada, a menos que a lesão cause sintomas graves ou compressíveis, ou caso haja falha na regressão após melhora dos níveis de PTH.

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

Faculdade Santa Marcelina - São Paulo - Brasil, Hospital Santa Marcelina - São Paulo - Brasil

Autores

Gabriela Yale Lima Oliveira, Carolina Cadinelli Vieira, Lais Modesto Lima, Vladimir Antunes Silva Nascimento, Auro Claudino Buffani, Fabiana Rodrigues Hernandes