Dados do Trabalho
Título
HIPOPOTASSEMIA DE ORIGEM RENAL EM PACIENTE ONCOLOGICO: RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Mulher, 45 anos, ex-tabagista (13 maços/ano, abstêmia há 10 anos), com história de dor intensa em ombro e ptose à direita, desde janeiro de 2023, evolui com paraparesia progressiva e proximal em membros inferiores, sem alterações sensitivas ou esfincterianas. Duas semanas após, apresentou quadro de diarreia inespecífico, sendo necessária internação em hospital terciário de referência para elucidação do quadro clínico. Na internação, foi constatado aumento dos níveis pressóricos (sem histórico prévio) e glicêmicos, permanência do estado tetraparético flácido arreflexo em membros inferiores, bem como miose, semi-ptose e anidrose à direita. O laboratório evidenciou creatinina de 0,4 mg/dl, potássio sérico de 1,8 mg/dl, cálcio de 7,7 mg/dl (corrigido pela albumina), pH de 7,6 e bicarbonato de 39,9 mg/dl. O EAS demonstrou proteinúria (2+), hematúria microscópica, relação proteína/creatinina urinária de 2,46 e K+ urinário de 24,6 mEq. As sorologias virais foram não reagentes. A TC de tórax demonstrou nódulos irregulares em ápice e hilo pulmonares à direita. A TC de abdome sugeriu implantes metastáticos no fígado, espessamento adrenal bilateral e lesões osteolíticas. Com estes resultados, confirmou-se síndrome de Horner e aventou-se a hipótese de tetraparesia flácida arreflexa por hipocalemia.
Discussão
A hipocalemia é um distúrbio hidroeletrolítico de complexo diagnóstico diferencial. As causas mais comuns são as perdas extra-renais por desidratação e diarreia. Entretanto, com K+ urinário elevado, essas causas são descartadas. A hipocalemia de origem renal é classificada pelo valor de pressão arterial: em indivíduos normotensos pensa-se em tubulopatias e uso de diuréticos. Assim, pela associação de hipopotassemia, alcalose e HAS foi levantada a hipótese de uma síndrome de hiperaldosteronismo que, no caso, foi associada à possibilidade de Cushing secundária à síndrome paraneoplásica.
Comentários Finais
As síndromes paraneoplásicas constituem um conjunto de sinais e sintomas em pacientes oncológicos mas que não possuem relação com efeitos locais de crescimento tumoral. Elas acometem diversos sistemas do organismo, com destaque para o endócrino: nesses casos ocorre a secreção ectópica de hormônios pelo tumor. Assim, a secreção de ACTH por células tumorais pode levar ao hiperaldosteronismo secundário, o qual possui frequência maior nas neoplasias pulmonares. O diagnóstico é realizado pela análise do cortisol tanto urinário livre, quanto salivar à meia noite.
Área
Nefrologia Clínica
Instituições
UFRN - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
Daiane de França Falcão Leal, Isadora Albuquerque Falcão Feitosa, Caio de Oliveira Rabelo , João Marcos da Costa Lucena, Letícia Oliveira Souza, Felipe Leite Guedes