1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

ESTRONGILOIDIASE DISSEMINADA EM RECEPTOR DE TRANSPLANTE RENAL COMPLICADA COM ALTERAÇOES NEUROLOGICAS

Apresentação do Caso

Paciente, sexo masculino, 66 anos, portador de doença policística hepatorrenal, foi submetido ao transplante (tx) renal. A terapia de indução foi timoglobulina e a de manutenção foi everolimus e tacrolimus, sem prednisona. Evoluiu com função imediata do enxerto. No 3º dia do pós-tx, o albendazol foi prescrito, mas não foi feito de forma contínua. Em consulta ambulatorial, queixou-se de adinamia, astenia, hiporexia, epigastralgia, cólicas abdominais, fezes enegrecidas, náuseas e vômitos, sendo internado. EDA revelou duodenite erosiva intensa e PCR para citomegalovírus e poliomavírus foi negativa. Recebeu alta no 3º dia do internamento, em uso de pantoprazol e ivermectina. Foi reinternado por persistência das dores epigástricas e êmese. Apresentou tosse seca e desconforto respiratório, realizados radiografia de tórax que evidenciou infiltrados intersticiais difusos, TCAR que revelou infiltrado micronodular bilateral inespecífico e broncoscopia com lavado broncoalveolar (LBA), com mucosa brônquica de aspecto normal bilateral. Evoluiu com desorientação, presença de petéquias abdominais e insuficiência respiratória. No lavado broncoalveolar foram detectadas larvas de S. stercoralis e K. pneumoniae, foi prescrito ivermectina (200 µg/Kg/dia, via oral) por 4 dias, albendazol (400 mg, 2x/dia) por 4 dias. A biópsia duodenal revelou estrongiloidíase e as lesões petequiais disseminadas associadas à SDRA corroboravam o diagnóstico de estrongiloidíase disseminada. Sem melhora ao tratamento oral, foi iniciado ivermectina subcutâneo na dose de 0,2 mg/kg/dia por 4 dias. Paciente não despertava, fez tomografia de crânio com resultado normal. O mesmo não interagia, tinha apenas abertura ocular e reflexo motor bilateral, com quadro de tetraparesia flácida. Foi realizada punção lombar e observado proteinorraquia. Após 31 dias do internamento, evoluiu a óbito.

Discussão

Este trabalho é de grande importância clínica, pois a estrongiloidíase é uma doença que apresenta uma taxa de mortalidade em torno de 50% em casos de hiperinfecção e 87% na forma disseminada. Os pacientes transplantados renais estão no grupo de risco para desenvolver a Síndrome de Hiperinfecção por Strongyloides, devido às altas doses da terapia imunossupressora utilizadas para evitar rejeição ou por algum defeito da imunidade celular.

Comentários Finais

É importante o diagnóstico e o tratamento precoces em casos de pacientes imunossuprimidos que apresentem infecção por estrongiloidíase, uma vez que o diagnóstico pode ser neglicenciado.

Área

Transplante

Instituições

Unichristus - Ceará - Brasil

Autores

Aline Moreira Mota, Leidiane Pinho Silva, Claudia Maria Costa Oliveira, Evelyne Santana Girão