1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

CALCIFILAXIA EM PACIENTE DIALITICO: UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Homem, 42 anos, hipertenso, diabético, DRC e dialítico há 20 anos. Deu entrada no hospital devido ao surgimento de eritema pruriginoso em membro inferior esquerdo há 14 dias, que evoluiu para bolha e posteriormente úlcera dolorosa. Ao exame foi observado região necrótica, bordas irregulares, eritemato-violácea, presença de granulação em base da lesão, além disso, havia úlceras sugestivas de insuficiência arterial, associado à ausência de pulsos distais do mesmo membro.
Inicialmente, levantou-se a hipótese de erisipela, sendo iniciado antibioticoterapia de amplo espectro. Foi solicitado o USG Doppler arterial e venoso que mostrou sinais de ateromatose em artérias tibiais anterior e posterior, iniciando, assim, tratamento clínico para doença arterial obstrutiva periférica e debridamento cirúrgico no local da ferida. Porém, percebeu-se que após o procedimento, houve piora da dor e do prurido local, sem sinais de infecção, o que levou a hipótese de calcifilaxia. Os exames laboratoriais mostraram aumento de Fósforo (P) com valores próximos de 7 mg/dL, Cálcio (Ca) acima de 10 mg/dL, paratormônio (PTH) acima de 1000 pg/ml e fosfatase alcalina acima de 800 U/L, anemia com valores próximos a 10 de Hb e hipoalbuminemia. Dessa forma, a diálise foi ajustada para correção de Ca, P e PTH, analgesia e iniciada a utilização de Fitomenadiona. O paciente está aguardando a chegada do Tiossulfato de Sódio.

Discussão

Entre as principais patologias que levam à calcifilaxia destaca-se a DRC, principalmente em pacientes dialíticos. Apesar de ter uma etiopatogenia desconhecida, a calcifilaxia parece estar relacionada a alterações, como hiperfosfatemia em pacientes urêmicos, hiperparatireoidismo, aumento do cálcio plasmático e deficiência de inibidores da calcificação vascular. Classicamente, as lesões cutâneas da calcifilaxia surgem em MMII e em locais com muito tecido adiposo, evoluem de forma súbita e têm aspecto violáceo, de padrão livedóide ou reticular, com má cicatrização e que podem evoluir para necrose. No que diz respeito ao tratamento específico da calcifilaxia, o Tiossulfato de Sódio é a escolha inicial. Ademais, estudos mostram que o uso da vitamina K teria um efeito positivo nesses pacientes, uma vez que sua deficiência, comum em pacientes dialíticos, está relacionada a não ativação da proteína Gla da matriz (MGP), quelante do cálcio.

Comentários Finais

Diante do exposto, é importante salientar que o caso ainda segue em andamento, aguardando assim a evolução clínica do paciente.

Área

Doença Renal Crônica

Instituições

Universidade Federal do Cariri - Ceará - Brasil

Autores

Bruno Farias Oliveira, Mário Vinícius Barros Leitão, Ítalo Emanoel Sousa Chaves, Geovanna Carvalho Freitas Soares, Lenina Ludmilla Almeida Sampaio, Nicoli Ferri Revoredo Coutinho