1° Congresso Norte-Nordeste de Nefrologia

Dados do Trabalho


Título

DERRAME PERICARDICO ATIPICO ASSOCIADO AO USO DE SIROLIMO: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

F.L.S, 48 anos, hipertenso, obeso, com doença renal crônica estágio V e DM2. Iniciou hemodiálise em 2016 e transplantado renal desde 07/02/2018 com doador falecido. Na admissão do transplante, PPD negativo e sorologia Citomegalovírus (CMV) IgG positiva doador e receptor. Indução com Thymoglobulina 5,5mg/kg, manutenção inicial com Tacrolimus e Micofenolato, sem prednisona. Evoluiu com recidivas de CMV e leucopenia grave, trocado Micofenolato pelo Everolimo em maio de 2018 e posteriormente para Sirolimo em maio de 2021. Internado em outubro de 2022 para investigar síndrome edemigênica. Em uso de Sirolimo 1mg/dia. Na admissão, dosado Tacrolimus 7,3ng/ml, Sirolimo 5,66ng/ml, TSH 4,0 e T4 livre 1,0, Hb 13, Ureia 41, Creatinina 1,3, função hepática e albumina normais. TC de tórax e Ecocardiograma com derrame pericárdico importante. Submetido à pericardiocentese sendo aspirado líquido amarelo/turvo sem espessamento pericárdico. Estudo do líquido: aspecto turvo e cor âmbar, citologia negativa para células neoplásicas. Contagem global: 1.150 células/mm3 e 21.300 hemácias/mm3, 2% de linfócitos, 28% de células mesotélio e 71% de macrófagos, glicose 108,6; proteínas 9,2; pH 7,61; LDH 1.652; albumina 3,5; triglicerídeos 83,2. ADA, Genexpert, pesquisa direta e cultura para fungos e tuberculose negativos. Sem bactérias coráveis ao Gram. Biópsia do pericárdio evidenciou apenas pericardite crônica leve e inespecífica. Suspenso Sirolimo e reiniciado Micofenolato. Além disso, nenhum outro tratamento específico foi realizado. Evolução sem recidiva do derrame pericárdico e resolução do edema

Discussão

O uso de Sirolimo está ligado a efeitos colaterais hematológicos, metabólicos, pulmonares e renais. Pode levar a quadros de edema e até derrame pericárdico, de aspecto citrino. No caso apresentado, excluiu-se outras possíveis etiologias metabólicas ou infecciosas, e realizada a prova terapêutica com a suspensão do Sirolimo, paciente evoluiu com resolução do edema e sem recidiva do derrame, comprovando a etiologia medicamentosa do ocorrido. Além disso, vale ressaltar o aspecto atípico do líquido coletado, o qual diferiu por seu aspecto turvo e cor âmbar do aspecto citrino comumente encontrado.

Comentários Finais

O uso de medicamentos inibidores do mTOR após transplante renal exige observação contínua, gerenciamento da dosagem e ajustes no regime de tratamento, caso necessário.

Área

Transplante

Instituições

Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Aline Cunha Lima Alcântara, Gabriel Rotsen Fortes Aguiar, Cláudio Cesar Pinho Mendes, Valter Júnior Izidio Martiniano, Pedro Quaranta Alves Cavalcanti, João Nilo Carvalho Sobreira